Marchinhas consideradas politicamente incorretas têm de ser banidas? Como “O teu cabelo não nega” (o teu cabelo não nega que és mulata na cor), “Maria Sapatão” (de dia é Maria, de noite é João), “Cabeleira do Zezé” (olha a cabeleira do Zezé, será que ele é, parece que é transviado, mas isso eu não sei se ele é). Não tem mais como passar ao largo de coisas que hoje são consideradas ofensivas, não devendo fazer coro. Essa é a tese de feministas abraçadas aos que detestam músicas consideradas de mau gosto.
O Cordão do Bola Preta contesta, as marchinhas não tinham a intenção de desrespeitar as pessoas nem de serem ofensivas. Carnaval é uma grande brincadeira, o preconceito está mais dentro das nossas cabeças do que nas marchinhas, escritas dentro de outro contexto, antigo e tradicional, vencendo barreiras da época, que era abordar temas não possíveis quando a caretice assumia o comando na maior parte do ano.
Ou bem vivemos sob a ditadura do politicamente correto ou brincamos o Carnaval na maior sacanagem.
Não é por outra que os bispos das igrejas de crentes recomendam não sair à vera no Carnaval e se protegerem em retiros. É o que ameaça fazer o bispo Crivella, eleito prefeito do Rio de Janeiro, que irá virar as costas para a sua responsabilidade de estar à frente do maior evento da Cidade Maravilhosa e se resguardar da pouca vergonha e da licenciosidade que impera em meios extrarreligiosos. Só se descobrir-se político e voltar atrás respeitando os votos que recebeu para não misturar política com religião.
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