“O FILME DA MINHA VIDA” e “JOÃO, O MAESTRO”

A CRÍTICA DA CRÍTICA

“O Filme da minha vida”. Por que Selton Mello não é mais reconhecido? Por ser muito inteligente na realização de seus filmes e poder ser tudo como estupendo diretor, ator, roteirista, o que seja? Johnny Massaro viu seu pai, o lendário Vincent Cassel, deixar sua mãe para voltar a viver na França, mas cresceu com notável presença, fazendo do amor e do cinema suas grandes razões de viver, até que a verdade sobre seu pai começa a vir à tona e o obriga a tomar as rédeas de sua vida. O filme é tecnicamente impecável, a fotografia absurda de Walter Carvalho, com cenas maravilhosas, poéticas, cheias de nostalgia de um tempo mais ingênuo que não volta, graças a uma direção de arte de Cláudio Amaral Peixoto que valoriza a beleza de Bruna Linzmeyer, Beatriz Arantes e Ondina Clais Castilho. Faz também uma dupla notável com o diretor Mauro Lima de “João, o maestro” (cineasta de “Meu nome não é Johnny” e “Tim Maia”, o que recomenda), realçando a trajetória do pianista João Carlos Martins, autoridade na obra de Bach e de prodigiosa memória, farto de cenas musicais, e com os atores Davi Campolongo, Rodrigo Pandolfo e Alexandre Nero reproduzindo excepcionalmente o mestre em diferentes etapas de sua vida. Um pianista que perdeu as mãos para o piano, quando progressivamente foi perdendo os movimentos das mãos. Em seus 77 anos, foi submetido a 23 cirurgias, desde os 8, convivendo com doenças como tumor no pescoço, distonia, acidente em campo de futebol, tumor na mão esquerda e lesão no cérebro. Esse ângulo de superação é que fascina no filme, chegando a fazer concertos com a mão esquerda, graças à sua obsessão. Será que Selton Mello teria que passar por essa via crucis para ter o talento reconhecido?