Registre-se para os devidos fins.
O Método de Associação Livre de que me servi para tornar-me escritor originou-se do meu primeiro livro, “Lirismo e Truculência”, em 1983, escrito aos rompantes e borbotões como que psicografado. Capítulos, longos e inteiros, sem interrupção, a demandar a recuperação de um tempo perdido, seguramente desde meu frescor juvenil, sustado pela necessidade precoce de ser adulto.
Eis que um hiato se abateu sobre mim e retomei a prosa somente em 1992, quando numa oficina literária, surpreendendo a todos, professor e alunos, apliquei o método de associação livre, que consiste em desenvolver rapidamente o tema em dois ou três parágrafos, pouco menos de uma página, sem elucubrar muito ou buscar perfeccionismo ou mesmo zero de espírito crítico, conforme vai sendo soprado em meus ouvidos, para finalizar o texto de caso pensado, almejando, sem fechar questão, um caráter lógico na associação livre – na impossibilidade, a anarquia continua a preponderar.
Prontas as secções, vou aparando os excessos, geralmente poucos, procurando linkar o texto, amarrar as pontas, sem organizá-lo muito, senão inibe a liberdade do conteúdo. Jamais hesitando mergulhar no desconhecido, temendo ficar tetraplégico. Vislumbrando o que está invisível. Sem distrair-me ao visualizar imagens, evitando fechar janelas no horizonte em minha egotrip divertida e, ao mesmo tempo, produtiva.
Incansavelmente curioso, vejo beleza em tudo ao avançar pelo simples prazer da busca, demonstrando fome por novidades ao conservar a capacidade de me maravilhar, como só e acontece com as crianças. A sensibilidade aflorada ajuda a obter percepções mais sutis e abrir o canal para o que a alma tem a dizer.
Eu, até hoje, constantemente faço uso do Método da Associação Livre em minhas crônicas e croniquetas, se relacionadas a temas a serem esgotados numa folha de papel. Eventualmente em trechos de livros. Embora reconheça ser um método extremamente personalista, inviável padronizá-lo.
Encaminhe-se para o arquivo morto.
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