Se a vida é curta, a arte tem vida longa, e o que é escrito costuma se preservar. Por isso se diz que um livro pode ser uma obra em aberto, uma peça inconclusa, ou um filme se encaixar em inúmeros desdobramentos. São abandonados para se chegar a um final ao se alcançar um certo ponto em que não é possível se aproximar mais. Como uma narrativa oculta a guiar o autor, trazendo à tona a verdade do que está acontecendo, o até então indizível e não escrito, a refletir o que tem de mais profundo na natureza humana, obra originada da invenção de Deus. Estamos todos conectados.
A sexagésima intervenção espiritual, em 20 de julho de 2018, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura e comentários sobre os itens 9 e 10 (“A caridade material e a caridade moral”) do capítulo 13 (“Que vossa mão esquerda não saiba o que faz vossa mão direita”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Façamos aos outros o que gostaríamos que nos fizessem, a moral que, se seguida, não daria margem a ódios nem conflitos, amenizando a pobreza, já que o desperdício da mesa dos ricos alimentaria muitos famintos. Pensai sempre nisso antes de rejeitar o indigente ou o morador de rua, este infeliz que vós afastais incontinentemente.
A caridade moral consiste em tolerardes uns aos outros, visto que somos todos irmãos neste planeta. Não custa nada de material, qualquer um pode pôr em prática, embora seja a tarefa mais difícil e a que menos fazemos neste mundo inferior por não saber calar para deixar falar a um mais tolo. Posar de surdo no instante em que uma palavra de menosprezo escapa de uma boca habituada ao escárnio. Não ver o sorriso desdenhoso que vos recepciona nas casas de pessoas que, frequentemente, sem razão, acreditam ser superiores a vós, quando na vida espírita, a única real, se encontram bem longe disso. Não sublinhar o erro dos outros é caridade moral. Ou basta apenas não desprezar vosso semelhante. Além do mais, a caridade pode ser feita de diversas maneiras, seja colocando seus ouvidos à disposição de quem está desnorteado ou oferecendo suas palavras de encorajamento e discernimento.
Estamos todos conectados. Lembrai-vos de que o pobre discriminado bem pode ser um Espírito que vos foi caro em outra encarnação, como um irmão, pai, ou amigo, e que se encontra, momentaneamente, em uma posição inferior à vossa. Mas que na vida espiritual bem pode encarnar quem irá vos estender a mão em sequência a vós implorardes por uma nova oportunidade para rever seus valores.
Ninguém está livre de se submeter a ora encarnar na miséria, ora em posição superior, pois quando daqui partimos, nada podemos levar conosco e o que geramos de riquezas. Embora só se pense em acumular bens materiais no planeta Terra, o que conta de fato é a escala de valores do desenvolvimento espiritual. Se não fosse assim, impérios não teriam fim, fortunas não se dissolveriam, patrimônios não viriam abaixo, moedas não se transformariam em pó. Enquanto os valores espirituais permanecem na crista da onda, que não quebra nem vira espuma.
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