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CAPÍTULO LXXIV – REVELAÇÕES DO ESPIRITISMO A QUE POUCOS DÃO ATENÇÃO

Revelações do espiritismo a que poucos dão atenção por soar distante e a visão apegada ao plano material não alcançar por necessitar de dados concretos, de ver para crer.
Quando o Espírito deixa a Terra, leva consigo as paixões, as virtudes e os defeitos de sua natureza, indo para o Espaço se aperfeiçoar ou permanecer estacionário até que deseje se esclarecer. Alguns partem cheios de intenso rancor e desejos de vingança insatisfeitos. A ideia de terem de se esquecer de si mesmos em corpóreo senso lhes causa revolta – desprenderem-se do ego para assumir o Espírito -, e ainda mais ao saber que têm que perdoar e, principalmente, amar aos que talvez lhes tenham destruído a honra, a fortuna e a própria família. Por isso, hesitam, vacilam, o coração fica abalado diante dessa prova do tamanho de Deus, havendo que implorar aos bons Espíritos para lhes dar forças nesse momento crucial. Transcorrido um período de adaptação à nova realidade, o Espírito pode reencarnar na família daqueles a quem detestou e sua conduta dependerá da maior ou menor resiliência, amigo ou inimigo, no meio em que terá de viver. Assim se explica a antipatia e a repulsa instintiva que se notam em algumas crianças e que nada, de fato, nessa nova existência, possa justificar.
A septuagésima quarta intervenção espiritual, em 1 de março de 2019, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura e comentários sobre o item 9 (“A ingratidão dos filhos e os laços de família”) do capítulo 14 (“Honrai vosso pai e vossa mãe”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Compreendei o grande papel da Humanidade! Quando se gera um corpo, a alma que nele reencarna vem do Espaço para progredir. A cada pai e a cada mãe, Deus perguntará: “Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?”. Não rejeiteis, portanto, o filho que no berço repele a mãe ou o pai, nem aquele que vos paga com ingratidão. Não foi o acaso que o fez assim e nem a sorte o enviou para vós. Um ou outro filho já foi muito ofendido em vidas pregressas, um ou outro veio para perdoar ou ser perdoado – abraçai o filho que vos causa desgosto. Muitos dos pais, ao invés de tirar pela educação os maus princípios inatos de existências anteriores, os mantêm e desenvolvem por fraqueza de espírito, o que, no futuro, poderá lhes causar amargor, fruto da ingratidão dos filhos. A tarefa não é tão difícil quanto poderíeis pensar, não exigindo o saber do mundo, e permitindo cumpri-la tanto o inculto quanto o sábio.
Desde o berço a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de sua vida passada. É preciso estudar todos os males, que têm na origem egoísmo e orgulho, para combatê-los ao menor sinal, sem esperar que criem raízes profundas. Mas não vos espanteis de serdes mais tarde pagos com ingratidão, apesar dos pais terem feito tudo que estivesse ao seu alcance para o adiantamento moral dos filhos, sendo natural o desgosto por ver fracassado todo o seu empenho na causa. Mas isso significa apenas um retardo em seu percurso, já que a consolação há de vir, ela nunca falha, e sempre vem em sua direção para te socorrer. Pois Deus não submete a provas aquele que não as pode suportar, apenas põe em curso as que possam ser cumpridas. Se fracassamos, não é por faltar condições, e sim por fraquejar a vontade. Pois quantos há que, ao invés de resistir, se deixam vencer pela inércia e pela acomodação, para depois se debulharem em lágrimas e lamentos em função das oportunidades desperdiçadas.
Mas Deus nunca fecha a porta ao arrependimento, quando cansamos de sofrer e o orgulho é por fim abatido. As grandes provas são quase sempre o sinal de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, se aceitas com humildade e até agradecendo a Deus por tê-las colocado em seu caminho para aprender e evoluir. Há os que suportam com coragem a miséria e as privações materiais, mas abatem-se muito sob o peso dos desgostos domésticos, esmagados pela ingratidão dos seus próximos. Se certas discórdias parecem se eternizar, não é justo que criaturas de Deus sofram para sempre.
Todavia, depende só de si mesmo, de seus próprios esforços, aguçar a percepção, elevar os olhos e não mais se perceber estacionado na Terra contemplando apenas uma existência. Assim tereis a explicação do que vos parecia como monstruosidades na Terra, e as feridas que recebestes se assemelharão a meros arranhões. Os laços de família, no seu verdadeiro sentido, já não mais serão os frágeis laços da matéria que reúnem os seus membros, mas sim os laços duráveis do Espírito, que se consolidam e se perpetuam ao se purificarem, ao invés de se destruírem pelo efeito da reencarnação. Dessa maneira, a grande justiça de Deus se revelará aos vossos olhos e encarareis a vida com a paciência adequada ao penoso e necessariamente longo processo de purificação das almas, funcionando a reencarnação como sua operadora.
O espírito de família dentre os Espíritos permanece, só que regido pela identidade de progresso moral e semelhança de gostos e de afeições. Na peregrinação dentre as diversas encarnações, procuram se agrupar para originar famílias unidas e homogêneas, em outras, ficam temporariamente separados, posteriormente se reencontrando, felizes com seu novo progresso. Entretanto, como não devem atuar voltados apenas para si mesmos, acolhem em sua família Espíritos menos avançados que ali encarnam para receberem conselhos e boa formação para progredirem, embora, não raro, causem perturbações no ambiente. E é aí que se apresenta mais uma prova por executar, dando as boas-vindas aos irmãos que precisam ser orientados e assistidos. Mais tarde, a família se alegrará por ter salvo mais alguns náufragos que, por sua vez, poderão salvar outros mais, e assim sucessivamente. E são tantos.

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Antonio Carlos Gaio
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