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RELATOS EXTRAÍDOS DO CONFINAMENTO (III)

O ambiente recluso a que o coronavírus nos obriga aumenta a nossa capacidade de amar, salvo aqueles com tendência ao feminicídio. Desde os impulsos sexuais que nos oprimem não é de hoje até o querer bem, amplificado face à tragédia que nos ronda e sufoca nossa respiração. A iminência de vir a morrer, de uma hora para outra, aquele a quem ama, a faz esquecer ou colocar em segundo plano todas as rusgas, entreveros, incompatibilidades, queixas que vêm de longe, rancores, ressentimentos, e veredictos que decretavam impossível esperar algo melhor dessa criatura. Vislumbra-se um novo horizonte por enxergar ou construir, mesmo que não seja para atender a seus melhores sonhos ou criar expectativas fora do esquadro. Na pandemia, pensa-se mais a curto prazo e se exige menos. Ou nada. Vai que perca aquela voz querida e já saudosa com o isolamento. As diferenças perdem sentido. Se carecem abraços e beijos. A falta imensa que faz não ter com quem dividir o travesseiro ou seu lado na cama. Ó, meu Deus, por que sempre fui intransigente ou cobradora? O que ganhei por ser assim? Submissão, falso respeito ou bajulação? Fazer continência para quem lhe é superior? Se o coronavírus veio para descobrirmos a importância do amor, isso é tão clichê! Mas se não fosse tão óbvio assim, nós que nos envaidecemos com o que habitualmente pensamos e, apesar de tudo, somos por demais limitados, não nos aperceberíamos que, somente antecipando a irreversibilidade da morte, para se dar conta de que o amor é tão vasto e infinito, e que precisamos melhor sondá-lo desde que se permitindo caminhar às cegas para abraçar outras dimensões do amor. De essência simples e singela, mais sutis para se alcançar. Desvinculadas do ciúme, da possessividade, do egoísmo, de forma a você se dirigir ao âmago da alma humana, ao verdadeiro espírito das coisas. Aprendendo a distinguir no invisível, no nevoeiro, nas sombras projetadas pela Lua, o que irá apascentar seu ego atormentado com a tragédia epidêmica. Tornando-a muito mais feliz do que antes, apesar de cerceada no direito de ir e vir. É só comparar o antes e o depois.

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Antonio Carlos Gaio
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