Para não se tornar expert e apologista de impeachment, a analista política Miriam Leitão, a toda hora, tem que se explicar para não parecer golpista. Agora é a vez do Bolsonaro que, estando incurso em diversos crimes de responsabilidade política, não há nem necessidade de repetir ad nauseam o mantra golpista que depôs Dilma para efeito de comparação, pois o capitão foi rápido e rasteiro convocando as forças do Centrão para se alinhar com os militares, de modo a evitar que recorram à demência como sua causa mortis presidencial. Pelo fato das pedaladas constituírem tamanho insólito cujo destino será a latrina da História, Miriam prefere a versão da gestão temerária de Dilma na economia, quando a previsão legal do impeachment não contempla ineficiência na condução do país. Quem arruinou o país a partir de 2015 foi a troika composta pelo corrupto Aécio (que anunciou que iria inviabilizar o governo Dilma, frustrado com a derrota para ela por diferença de 3%), Eduardo Cunha (negociava qualquer matéria envolvendo dinheiro e poder, e hoje preso) e Temer (que já devia estar na prisão junto com Aécio). Criaram uma recessão que até hoje perdura, cuja consequência foi um rombo nas contas públicas. Promoveram uma escala de desempregos cujo mais baixo índice na série histórica foi justamente em 2014, obtido no primeiro mandato de Dilma. Miriam Leitão ainda sonha com um presidente coluna do meio e amorfo, aterrorizada com os padrões Bolsonaro. A faz lembrar do tempo em que foi torturada como militante contra a ditadura. E também da ideologia dos militares atuais, fechados com o capitão “cavalão”, mas nem por isso querendo um general como número um da Saúde, pois seria levar para o colo das Forças Armadas o problema da Covid-19. E de bomba no colo eles entendem, se nos recordarmos do episódio da bomba no Riocentro, em 1981. Ou seja, alinhados com Bolsonaro, sim, mas não cúmplices no genocídio consequente ao isolamento vertical apregoado diariamente pelo presidente. Como os militares irão se explicar diante de tamanho paradoxo, quando um dia serão investigados por um juiz ou mesmo pela História? Se não estão acima da lei. Há que pensar no legado e não agirem como baratas tontas.
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