Se o preconceito existe desde que a Humanidade começou a dar os seus primeiros passos, pelo menos agora o mundo informatizado massacra revelando esse monstro, com todas as suas entranhas, que habita as profundezas de nosso ser, expelindo seu veneno mortal e a nos devorar, se não dermos um basta.
O preconceito personifica-se em antiquadas e ultrapassadas opiniões sobre tudo e sobre todos. Seu autoritarismo prima por julgar os outros o tempo todo, só enxergando desafetos e concorrentes por todos os lados, para restar numa extrema solidão. O mal que o preconceituoso provoca em si mesmo e nos outros transcende esse mundo e trará consequências no seu porvir.
Pois o preconceito torna míope a nossa visão e o coração mais duro, estreita o campo de nossa realidade, e nos faz incapazes de acolher o bem e a verdade de cada um. Se são dogmáticos fervorosos, muitos deles fundamentalistas, agem munidos de hostilidade e intolerância religiosa.
Preferem o autoengano e fincarem pé naquilo que pensam que sabem, no que está pré-definido e tabulado, desprezando a atualização, o novo e a necessidade de mudanças. Não suportam a coexistência das diferenças, a diversidade sexual e de gêneros, a pluralidade de opiniões e posições, de crenças e ideias veiculadas à margem do filtro. Daí regurgitam o conservadorismo radical, a violência diante da crítica, o controle autoritário.
A inflexibilidade da alma preconceituosa está correlacionada ao orgulho de tudo saber e a tudo controlar, carecendo da humildade de Sócrates, um dos maiores espíritas de todos os tempos: “Quanto mais sei que sei, menos sei que sei”. A falta de compaixão, companheira inseparável do preconceituoso, somada à falta de substância o situa como um náufrago à tábua que o mantém à tona, na superfície das coisas.
A espiritualidade não condiz com a postura sectária, preconceituosa e excludente de seus discípulos, preconizando uma atitude aberta e inclusiva, onde o mais importante é preparar o ser humano para enfrentar a provação de todas as categorias de opressão que se nos apresentam em nossa encarnação, de forma a superar a chuva de preconceitos de que somos alvos frequentes, procurando libertar nosso espírito para todo o sempre. Desde que numa cultura de diálogo, a construir pontes para conectar fronteiras nesse mundo fragmentado por disputas, que permitam fomentar uma convivência respeitosa, justa e harmônica.
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