“Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. O ‘amar os outros’ é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é demasiado curta para realizar tanto. Tenho que me apressar, o tempo urge. Não posso perder um minuto sequer do tempo de minha vida. Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.” – palavras e conceitos da notável Clarice Lispector, judia por excelência, mas que encontram ressonância, afinidade, sintonia e acolhida no espiritismo.
Portanto, não guardeis fermento velho no coração, que representa tóxicos perigosos ao equilíbrio da alma, se a cada dia somos conclamados à vida mais nobre e mais elevada, quando conseguimos nos reformar à claridade do Infinito Bem e engrossamos a massa espiritual sob a bênção do esquecimento para a valorização de novas iniciativas.
Prosseguindo a intervenção espiritual, sem ainda ser presencial na Fundação Marietta Gaio e realizada na residência de cada médium e de quem se encontra sob tratamento, segundo o calendário da Fundação, com todos obedecendo ao regime de confinamento em face da pandemia do coronavírus, a centésima quinquagésima sexta intervenção espiritual, em 17 de dezembro de 2021, efetivou-se sob a égide da leitura de “Vinha de Luz”, 64 (“Fermento velho”), de Chico Xavier pelo Espírito Emmanuel, e estudo preliminar do capítulo 26 (“Dai gratuitamente o que recebestes gratuitamente”), itens 5 a 6 (“Mercadores expulsos do templo”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Um dos episódios mais pungentes dos tempos bíblicos. Os mercadores expulsos do templo por Jesus Cristo, visto lá estarem negociando toda sorte de mercadorias, assim como traficarem coisas santas sob qualquer forma: “Não está escrito que minha casa será chamada casa de orações por todas as nações? E, no entanto, fizestes dela um covil de ladrões!”. Quando Deus não vende sua bênção, nem seu perdão, nem a entrada no reino dos Céus. O homem não tem, pois, o direito de colocar preço nessa salvaguarda de almas. Tampouco sujeitar-se a dízimos.
Por amar os outros, a doutrina de Cristo foi arrebatando corações e espíritos, de tal modo que as autoridades da antiga Palestina e do império romano Nele viram uma ameaça se formando, e passaram a temê-Lo. Por Ele prosseguir amando os outros, com cada vez mais convicção, acharam melhor detê-Lo. Sabe-se lá até onde Ele iria, pregando tanto amor pelos outros? À época, lugar de bandido perigoso era de padecer na cruz. Mas morrer crucificado por pretender disseminar o amor pelos outros?
Amar os outros chegou até os dias de hoje. Cristo não morreu em vão. Transformou-se em lema de vida para uns, causa por defender para outros, instituições por se consolidar e criar raízes. Mas ainda falta tanto! Uma obra eterna por se fazer.
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