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CAPÍTULO CLXV – O VERBO DESREGRADO

Já dizia o meu amigo espiritualista Antonio Lauri de Oliveira: “O sentido da minha vida seria expandir a consciência ao mais que eu consiga e, a partir daí, tentar agir com o maior sentimento humano com relação às pessoas que me cercam e mesmo com as pessoas nem tão chegadas, e por quem oro todas as noites. Somente até aí tenho conseguido ir. Mas sei que não é somente isso”. Somente até aí, Lauri? Você acha pouco? Para mim, Lauri, expandir a consciência é tão importante quanto agir com humanitarismo, porquanto alarga nossos horizontes e nos ajuda a encontrar o verdadeiro sentido da vida. A vida não é um produto bem definido por se alcançar e que se busque a qualquer preço, como se fosse um tesouro enterrado em terras ermas. E sim algo por se construir, sem saber onde isso irá dar, aceitando as provações que lhe são impostas para vencê-las e, dessa forma, ir se transformando. E, a cada vez que você se transforma, irá colocando um tijolo na casa que está construindo, que é a sua encarnação. Dando sentido à sua existência aqui e à vida material, no caso, melhor se preparando para a futura vida espiritual, que é a verdadeira vida, quando consegue alargar sua visão e não mais ser presa fácil de seu ego, de sua concupiscência, de desejar o que é do outro.
“Seu pai, Gaio, dizia que ninguém deve se julgar exonerado do trabalho. Esse trabalho seria o que todos nós executamos nas nossas profissões ou seria o trabalho de muito amar o próximo como a nós mesmos, tal como Jesus teria pregado, e agir à exaustão nesse sentido?” Os dois, Lauri, claro que com maior ênfase ao amar o próximo. Mas não devemos ficar sem fazer nada, há que dar curso às nossas profissões, ofícios ou às nossas vocações. E chegando à idade madura, mais próximo do desencarne, maior motivo para não deixar se levar pela descrença, achando que a vida não faz o menor sentido, procurando encontrar vínculos na vida espiritual que, em breve, o abraçará. Deixamos nossos corpos no almoxarifado da Natureza antes de virar espírito, como se fossem nossas vestimentas, largando-as na despensa ou no vestiário imaginário, pois iremos trocar do corpo físico para o espiritual. Não mais precisando figuradamente usar roupas, se o corpo irá sumir.
Encarnado, meu pai não possuía essa malícia empregada em tom tão criativo. Numa linguagem bem forte e assustadora para se referir a corpo e espírito. Eu nunca o vi assim antes.
A centésima sexagésima quinta intervenção espiritual, em 6 de maio de 2022, que passou a ser presencial na Fundação Marietta Gaio, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura de “Vinha de Luz”, 73 (“Falatórios”), de Chico Xavier pelo Espírito Emmanuel, e estudo preliminar do capítulo 27 (“Pedi e obtereis”), itens 18 a 19 (“Da prece pelos mortos e pelos espíritos sofredores”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Poucas expressões da vida social ou doméstica são tão perigosas quanto o falatório desvairado, que oferece um vasto plano aos monstros do crime a reproduzirem impiedades. No gênero, a atividade religiosa tem posto a descoberto amiúde inúmeros focos de desequilíbrio. Arruínam as coletividades, sabotam os cuidados com a saúde e a desestabilizam, deprimindo o caráter. Um ilimitado território maligno se forma em derredor, à feição de vermes letais que proliferam no silêncio e operam nas sombras. Raros meditam nisso.
Se a palavra, criada por Deus, é referência de nossa posição evolutiva, não seria o verbo desregrado o pai da calúnia, da maledicência, do mexerico, da leviandade, da perturbação? Desprezar as sagradas e imensas possibilidades do verbo constitui um catastrófico relaxamento diante de Deus e da própria consciência. Ao desnorteio da conversação, quantos inimigos da paz do homem se aproveitam para cumprirem torpes desejos? A propagação do que endurece o coração não pode estar unida a quem diz “Deus acima de todas as coisas”, mas que não coloca em primeiro lugar os deveres de amor ao próximo. Predominando o vozerio insensato e a murmuração perniciosa, que parecem mais anunciar o fim dos tempos, ameaçando espíritos valorosos e comunidades inteiras.

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Antonio Carlos Gaio
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