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OS TRAÇOS DE CARÁTER ESPÍRITA

Aquele endemoniado, atormentado pela incompreensão que sempre reinou à sua volta, após a cura, abre os olhos à verdade tocado pela nova luz e anuncia os benefícios recebidos, conforme recomendação que veio do Alto, indo servir junto aos que acompanham sua caminhada. Quem não possui a família direta, conta para seus amigos e vizinhos. Quem demonstra a renovação de si mesmo perante Cristo, habilita-se a cooperar na renovação espiritual dos outros. Em estágio preparatório para o Plano Espiritual.
Bem-aventurados os aflitos, pois serão consolados. A recompensa que aguarda os que sofrem aprendendo a lidar com a resignação, que os faz compreender o porquê do sofrimento como o início da cura. Não mais lamentando as aflições postas na conta de um Deus injusto e submetendo a sua existência aos desígnios de Deus, em primeiro lugar.
Os traços do caráter espírita foram delineados pelo espírito de André Luiz e psicografados por Chico Xavier. Primar pela dignidade sem que ela venha revestida de orgulho e petulância. Ser humilde sem se rebaixar à subserviência. Dedicar-se à causa espírita sem se apegar. Cultivar a fé espírita sem necessitar torná-la exclusiva. Não carregar aspereza na linha de raciocínio, não misturar sentimento com pieguice. Inadmissível a presunção nos atos de caridade e se envaidecer à medida que o conhecimento sobre o Espiritismo comece a se agigantar. Generosidade sem esbanjar recursos nem ostentar. Cooperar sem exigir contrapartida. Não confundir respeito com bajulação. Arrojo e coragem sem a companhia da intransigência. O otimismo desguarnecido da ilusão, a paz livre da preguiça e a admiração sem inveja.
O Espírito, ao encarnar no corpo do homem, lhe transmite o princípio intelectual e moral que o torna superior aos animais. Muito embora, por vezes, suas paixões o rebaixem a um nível extraordinariamente irracional, por ser dotado de uma vitalidade tamanha que, reagindo através do instinto de conservação inerente à matéria, o torna desinteligente e limitado. O homem entregue às suas paixões provém de duas fontes, uma relacionada aos instintos de natureza animal e a outra à impureza ou às imperfeições do Espírito, quando aqui encarna, ao se afinar mais ou menos com a grosseria dos apetites de gênero animal. O Espírito, purificando-se ou aperfeiçoando-se, libera-se pouco a pouco da influência da matéria. Sob esta influência, ele se aproxima da brutalidade. Livre, ele se eleva a seu verdadeiro destino.

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Antonio Carlos Gaio
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