O ser humano agrava a amargura de sua passagem na presente encarnação pela maneira de encarar sua vida terrena. Quando reclama da duração mais longa de seu sofrimento, ou melhor, de suas provações, dizendo que assim não vale a pena viver se a dor recai sobre ele com todo o seu peso. Por sua vez, se moderar seus desejos de se tornar um intocável, contentar-se com sua posição sem invejar a dos outros e atenuar o fragor moral dos reveses e decepções que experimenta, pode adquirir uma calma, paciência e resignação tão úteis à saúde do corpo quanto à da alma. Ainda mais se vislumbrar a vida eterna do Espírito!
Não basta. A quem tem conhecimento, não cabe impor ideias, golpeando aqui e acolá com meias-verdades, nada mais realizando que a perturbação, quando precisa ser sóbrio com o seu saber. De que adianta saber, se parte para destruir! Mergulhado em conflitos inúteis a versar sobre política, filosofia e religião.
Basta se aprender alguma coisa para, em seguida, dar origem à intemperança e propagar os desequilíbrios no mundo, frutos da falta de comedimento e da moderação. Conforme prenunciado pelo Espírito Emmanuel por volta de 1951 e psicografado por Chico Xavier, numa antevisão dos duros combates nas atuais redes sociais da internet.
Quando tudo exige ponderação. Não se precipite a ensinar como quem tiraniza, procure entender o seu irmão de luta e não menospreze suas conquistas, embora lhe pareçam de uma dimensão insignificante. Não desdenhe da cooperação, que é a companheira inseparável do amor.
A ducentésima quarta intervenção espiritual, em 1 de dezembro de 2023, se iniciou com cânticos no intuito de abrir caminho para os espíritos curadores, prosseguindo com a leitura de “Vinha de Luz”, 112 (“Ciência e temperança”), de Chico Xavier pelo Espírito Emmanuel, e estudo preliminar do capítulo 5 (“Bem-aventurados os aflitos”), item 13 (“Motivos de resignação”) do livro de Allan Kardec, “O Evangelho segundo o Espiritismo”.
Embora para muitos o Espiritismo seja apenas mais uma religião, apesar de não possuir culto, santo, papa ou aiatolá, padre ou monge, traje específico ou poder hierárquico, para outros tantos é uma ciência a ser estudada, até por possuir como um de seus ancestrais a Metafísica de Aristóteles, a filosofia primeira que fundamenta todas as demais ciências que surgiram posteriormente e que se propôs a refletir sobre a primazia do ser humano no planeta. Além de o Espiritismo avançar sobre os diversos campos da Moral, dissecando seus domínios nunca antes desbravados, salvo pela mitologia grega e esporadicamente através da literatura. Ou encontrar elos até mesmo na Psicanálise ou na Psicologia.
Psicanálise não é só a análise da mente, mas uma proposta de autoconhecimento. É também a análise da alma, encontrando paralelo na proposta da Doutrina dos Espíritos. As maiores doenças estudadas pela Psicanálise têm um entendimento maior se utilizadas as terapêuticas espíritas. As doenças passam a ser efeitos e não mais a causa, são apenas sintomas.
Mas se as pessoas insistem em somente enxergar a dor física, as dores na alma vão ganhando a guerra. Se os circuitos que acionam a dor na alma não forem cortados, eles se fortalecerão. É como se fosse um músculo: se usada a musculatura, ela enrijece; do contrário, atrofia.
A visão espiritual da vida só chega para muitos com a dor, a doença e a proximidade da morte. A dor não para de agredi-lo enquanto não arrancar de você o que tanto preserva. Visa a tirá-lo do seu falso ponto de equilíbrio. Fazendo-o ir ao ponto certo. Demovendo sua inércia em não querer se tratar. Até nos darmos conta de que não somos feitos só de carne e osso.
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