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MIL VIDAS
A essência é única e exclusiva,
mas a vida não é uma só.
Lá se foi o tempo em que eu sentia dó de mim.
Hoje, me reinvento quando não estou assim, feliz.
A tristeza é necessária. Tem um recado importante.
Ninguém vive o tempo todo esfuziante.
Ela vem pra me ensinar
que não dá mais pra continuar como antes.
Quando eu acreditava que só podia
seguir o caminho que me ensinaram.
Aquelas vias que tantos já testaram
e, para eles, dava certo.
De tanto insistir no erro,
cheguei ao ápice do desespero
e me vi sozinha em pleno deserto.
Cheia de sede,
engolindo as lágrimas salgadas
do pranto discreto.
Precisei chegar lá para começar a me conhecer.
Precisei primeiro não me reconhecer no espelho
e então tapar os ouvidos para todos os conselhos
e seguir o rastro da minha dor.
Foi ela que me trouxe aqui
neste lugar melhor onde estou.
Sim, sou única, sem igual.
E posso recomeçar sempre que quiser.
Ser metamorfose me é normal.
Não sou um robô qualquer.
Sou ser humano, mulher,
cheia de fases como a lua.
Andando descalça e nua,
mas vestida de força e sentimento.
Não sou árvore presa à terra.
Eu sou água que corre por dentro.
Por fora, eu sou o vento
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Antonio
Carlos Gaio
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