Foi a maior cerimônia de abertura das Olimpíadas, jamais vista, essa de Paris. O aparato das aberturas anteriores sempre nos deu a impressão de um caráter cívico-militar, como as Olimpíadas na União Soviética em 1980. A imagem das delegações portando bandeirolas reforçava a impressão de legiões do império romano. Mas dispor os atletas dos países competidores em barcos desfilando no lendário rio Sena foi inédito! Fazer-nos percorrer os principais cartões-postais de Paris foi um achado. Seja o Jardin des Tuilleries, alinhado ao Museu do Louvre, Place de la Concorde, Champs-Élysées e Arco do Triunfo. Seguido pelo balé do cancã do Moulin Rouge à margem do Sena. Do alto da Torre Eiffel, a cantora canadense Céline Dion cantando o imortal “Hino ao Amor”, cuja interpretação de Edith Piaff é inesquecível até o dia de hoje, marcante como um valor genuinamente francês. O ponto alto da direção artística da abertura a cargo de Thomas Jolly foram os diversos tipos de dança, ao som de música eletrônica, incluindo elementos da cultura ballroom, um tipo de baile criado pela comunidade LGBTQIA+ no subúrbio de Nova York nos anos 1920. Ora dançando sobre uma balsa no Sena, ora alternando para um desfile de moda em cima de uma mesa de banquete de grandes proporções com homens, mulheres e drag queens, associado pela extrema-direita e pelo episcopado católico, equivocadamente, à Última Ceia (de Cristo) – e, portanto, herege. Quando se referia à Festa dos Deuses, de Jan Harmensz van Biljert, pintada em 1635 e mantida no Museu Magnin de Dijon; no centro da mesa, não era Cristo, mas Apolo coroado, com Baco-Dionísio em primeiro plano. A pessoa oculta pela máscara e vestes era Floriane Issert, uma suboficial ligada à unidade militar da Gendarmaria Nacional, do Ministério da Defesa da França.
Deixe um comentário