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TENTO FALAR E NINGUÉM ME OUVE

Eu tento falar e ninguém me ouve. Foi assim que igualmente aconteceu com todos os adultos que me precederam e que me foram bem próximos. Não cabe revelá-los se a lista se estendeu a com quem mantive relações fora do meu círculo. Ou, dir-se-ia, não caber enumerá-los de tantos que são.
Quando adolescente, minha reação a quem se calava para não evidenciar quem era, ou não se mostrar como era, caracterizava-se pelo puro inconformismo, por que não dizer, revolta. Como nos conhecermos melhor e mais honestamente, se não abrirmos a boca e dizer o que pensamos um do outro? Desde que nos respeitemos, é claro, a despeito de já tangenciar o limite traçado para não perder a calma.
Sabe por quê? Quem cala pode aparentar muito juízo e sabedoria, mas também esconder o que deseja manter oculto, se isso implicar em revelar facetas difíceis de serem assimiladas de sua personalidade fraca, covarde, pusilânime e pessimista, revestida de bom moço e civilizado cidadão.
O que obriga a quem deseja ver a situação em pratos limpos a sair do sério ao pôr o pingo nos “is”. Implorando por um mínimo de sinceridade de propósitos e elegância no estilo de quem se julga parcimonioso, quando o vilão querendo se passar por bom samaritano.
O perigo de ter se afeiçoado e gostado de quem lhe pareceu ter sido mais ser humano até do que julgou, um verdadeiro irmão, e quebrado o encanto, quando o enganou obsediado por maus espíritos disfarçados num silêncio aterrador, ainda mais que declarava abominar tais manifestações espirituais e refratário a qualquer abordagem sobre este tema, mesmo de ordem intelectual.
Por isso mesmo, torna-se presa fácil e objeto de manipulação dos maus espíritos ao fazer questão de se manter ignorante a respeito e prosseguir bombardeado por conflitos internos e pesadelos que o levarão à convulsão do seu considerado exemplar bom senso.
Eu tento falar e ninguém me ouve. Mais seguro manter-se calado numa terra materialista em que o pensamento não é cultivado como deveria, sendo a encolha o melhor abrigo para quem não quer pôr a descoberto sua verdadeira alma. Remando o barco tão somente para conservar-se na superficialidade e não afundar.
Não mais tento falar.

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Antonio Carlos Gaio
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