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O DEUS MERCADO NÃO VÊ O POBRE COM BONS OLHOS

Definitivamente o deus mercado não vê o pobre com bons olhos. Igualmente o salário-mínimo. A miséria. Sua inteligência somente está voltada para a especulação e a acumulação do capital. O rico. Os juros altos. Como se, quando morrerem, fossem levar toda essa dinheirama nos bolsos. Aumento de salário-mínimo é sempre indício de excesso de gasto e má administração financeira. Fim do mundo falar sobre redistribuição de renda, políticas de inclusão e Bolsa Família, o que isso interessa ao mercado? Se o PIB aumenta sinalizando crescimento para a economia, alerta para a nossa infraestrutura, incapaz de assimilar essa demanda com tamanho grau de ereção. O mercado não consegue esconder a ganância, sob a desculpa de que esse é o seu negócio. E que tem de ficar acima de tudo e de todos, como o Bolsonaro, em cujo governo o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, prestigiavam nossa economia com suas economias aplicadas em paraísos fiscais – pouca vergonha considerada esperteza. O mercado não deu um pio sequer condenando o governo Bolsonaro, como agora rejeita a gestão de Lula, com índice de desaprovação de 90%. No mesmo dia em que o IBGE noticiou que o Brasil atingiu seu menor nível de pobreza e extrema miséria de sua série histórica. O mercado atua cada vez mais politizando temas, deixando de lado o tecnicismo que dizia priorizar. A prova é que nunca se incomodou com as ameaças golpistas e uma ditadura por vir, mesmo porque, tanto melhor as decisões da nação enfeixadas nas mãos de uma minoria a serviço de uma elite financeira e empresarial, chicoteando pobres de direita que ainda se guiam pelos padrões da escravidão. O mercado é mais inteligente por ser ladino, oportunista e velhaco. Não pode ter boas intenções, senão não seria o mercado. Costuma confundir roubalheira com esperteza. Se eu sou esperto, mereço abocanhar a remuneração implícita; nada mais correto e justo. Caso contrário, não há estímulo para trabalhar nesse meio de abutres.

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Antonio Carlos Gaio
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