A ordem é eletrocutar quem se sentar no trono das CPI’s, até que o presidente Lula não tenha a menor condição de pensar em disputar a reeleição. Não haverá trégua ou arrefecimento da crise, as CPI’s foram prorrogadas para o massacre não deixar na saudade o desejo de sangue. Lula já estava prevenido no início do mandato para a cobrança em cima de sua porção operária, mas o PT superou todas as expectativas com crimes, desvios e mentiras que solaparam o panorama político. Não há como deter investigações e punições, como o lixo de Ribeirão Preto.
Já vai longe o impeachment de Collor que traumatizou de tal forma o país que o Congresso achou de bom tom não investigar a ação nefasta dos empreiteiros no caixa 2 da campanha e nos domínios do Executivo, para não falar do tráfico e consumo de drogas nos desvãos dos labirintos palacianos. Se foram varridos para baixo do tapete os podres das privatizações das telefônicas e da venda da Vale do Rio Doce, como duvidar da honestidade de FHC, um homem de bem com a vida?
O horizonte agora é de genocídio evoluindo para antropofagia política. O ouro de Cuba, o tráfico de influência no auxílio-futuro para os parentes de Lula, o DVD pirata no cineminha do Planalto, a insinuação de cafetinagem nos gastos pessoais do presidente, a exposição das partes íntimas do PT para o onanismo da oposição, só falta descobrirem um filho bastardo no exterior. Uma troca de tiros sem limites, a testar a maturidade de nossa democracia e a medir forças com o todo-poderoso mercado.
A conseqüência funesta pode ser um acerto de contas entre os tucanos montados nos pefelistas e os petistas feridos de morte, mas que deram uma demonstração de sua vitalidade nas últimas eleições internas. Estão todos vivendo a embriaguez da vingança, esquecidos dos dias de amanhã. O PT está pagando caro o papel de vestal, quando encarnava a figura impoluta da ética que perseguia os alienados da direita e os traidores da esquerda.
Se for para reproduzir uma Guerra dos Farrapos, que nasça um novo Brasil. Os tucanos saíram de cima do muro e acham inevitável uma batalha sangrenta no curso das eleições, enquanto o PT perdeu o exclusivismo da marca da ética e ficou sem ter o que para colocar no lugar. Que falso dilema! Se a política econômica dos petistas copiou a dos tucanos com maior eficiência. Se os partidos políticos foram baseados em ideologias que estão perdendo substância, precisam se transformar, ou então virarão massa da mesma manobra – imprestável.
Nem bem se passaram quatro anos e as próximas eleições afiguram um outro reinado tucano ou um Lula reeleito governando das trincheiras, desconfiado de todo e qualquer aliado. O espaço aéreo está aberto para as vivandeiras do moralismo, que adoram subir numa vassoura e espanar corrupção. A grande vantagem é que o novo presidente eleito não poderá vir vacinado contra CPI’s, o governo Lula acabou com a virgindade, não existe cidadão acima de qualquer suspeita. “Do bem” é uma expressão que não mais se aplica a quem colocar os pés no Palácio do Planalto. Caiu por terra o “nós somos pobres, mas é tudo limpinho”. A aprofundação nas investigações policiais do Congresso pautará o futuro do Poder Executivo, a merecer que se quebre todo e qualquer sigilo à menor suspeita de corrupção. Não adiantarão a fidalguia embromatória de Palocci e o sorriso de bem-sucedido de FHC, a guilhotina não fez distinção entre Danton e Robespierre.
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