Vitória da Al-Qaeda. Qualquer garoto com dinamite na cintura pode explodir todo o sistema de segurança dos Estados Unidos, por mínimo que seja o dano causado. Todos os jornais noticiam como é fácil entrar em usinas nucleares e indústrias químicas. Os tempos de Pearl Harbor e da Segunda Guerra voltaram como uma maldição anunciada. O governo Bush só quer mostrar serviço, as precauções tomadas são inócuas, como a de obrigar todo mundo a tirar o sapato no aeroporto. Encerrou o país em si mesmo e apunhalou o direito sagrado de ir e vir, ao restringir a imigração de cidadãos que agrupa em uma lista negra de países, independente do caráter de Alá. Todo o sistema de alertas não faz sentido: se existe risco de atentado através de helicópteros e limusines-bomba, que se evacue o país. Tocou horror, é a confissão inequívoca de que espera pacientemente por um novo ataque do gênero do Antraz e de que, se Alá é grande, Deus é a América – refém do terror.
Inacreditável como a Al-Qaeda fustiga, sem piedade, os medos e ansiedades que colocam em risco o sonho dourado de viver em segurança no império da democracia. Tornaram o Tio Sam um alvo à mercê de uma pátria sem nação. Sem território para os americanos darem uma resposta à altura e aniquilarem o inimigo – o truque do Iraque não colou. A Al-Qaeda descobriu, com seus tambores de guerra, como alimentar uma paranóia e corroer por dentro o american way of life.
O resultado é o aumento das doenças ligadas ao estresse desde o 11 de setembro. O cansaço progressivamente substitui o medo. Um desalento por não ver saída. Ver os seus rios contaminados por um sentimento de ódio dirigido à sua cultura, é querer implodi-la. Contaminados pelo vírus do terrorismo, o patriotismo foi a senha para manipular a informação e utilizar a mesma arma.
A despeito do elevado grau de instrução, liberdade e justiça, pouco sabem de culturas alienígenas. A não ser quando oriunda de outra ilha, o Reino Unido. Confundem muçulmanos com tribos, tendas com cavernas, sua túnica com trapos, mil e uma noites com orgia. Alcançaram uma linha de raciocínio tão prática e sofisticada que não entendem o rústico e incongruente com os padrões de globalização.
Os Estados Unidos sempre manipularam informação e conhecimento às custas de muita publicidade. Durante os últimos 50 anos, três canais de TV – CBS, NBC e ABC – dominaram a mídia e emplacaram suas versões da História. Mas esse modelo está em decadência. A TV a cabo cresce em cima da TV aberta, cujo público diminui, envelhece e vincula-se ao de menos instrução, o que torna o veículo menos atraente financeiramente. Os jovens preferem a internet, inclusive porque divulga o que a imprensa oficial não se autoriza a furar, em respeito ao pensamento único de não pretender negociar com bandidos.
O que está em jogo é a degola, seja sob a forma de terrorismo ou guerra de propaganda, com tal grau de selvageria que pode se irradiar como uma epidemia.
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