Nos séculos XIX e XX, tornaram-se notórios atentados que aniquilaram o czarismo e a aristocracia européia até eclodir na Primeira e Segunda Guerra Mundial, clamando por uma nova ordem, se democracia, comunismo ou ditadura populista. Agora retorna a bandeira do terrorismo, a toda carga. Não há porque lançá-lo na conta do islamismo se a humanidade já se encaminhava para essa solução de desafogo. Se o caldeirão já fervia no entorno, por que não propagá-lo como uma epidemia? Ideólogos que se venderam à internacionalização da economia julgaram apressadamente que, com o fim do comunismo, a pobreza iria acabar naturalmente com o crescimento econômico proporcionado pelo conceito de justiça da democracia americana.
Um claro exemplo de soberba, como a exploração de candidatos do status de suprapartidário nas eleições, ao pretenderem não se misturar com o baixo clero nem se envolver com questões menores como fidelidade partidária. Se têm vôo próprio, pairam acima do estado, da cidade e do povo que representam. O partido político é uma mera barriga de aluguel para serem gestados através de uma vagina que começa a se prostituir na sagração dos iminentes deputados e vereadores.
De mesma valência, o crente que substitui o partido na camisa e na propaganda por Deus, um pecado mortal que equivale, em seus padrões, a ser condenado aos quintos dos infernos. Porque pressupõe uma intimidade com a autoridade máxima espiritual, um acesso que abrirá os arquivos mortos onde contêm chaves que fornecem as soluções para os intrincados problemas que oprimem a sociedade. Já faz mais de 100 anos que se fundou o Estado laico, onde a religião ficou restrita a seu devido espaço, garantida a liberdade de credo. Se a religião, seja qual for, não dá conta dos inúmeros problemas decorrentes da evolução da humanidade, imagine mesclando-se à política. Se corrupção é a associação imediata, pedofilia é uma assombração que não quer se calar, a ponto de algumas igrejas de condados americanos acusarem insolvência diante de indenizações que as faliram.
O avanço do voto do crente e dos seus bispos, em geral. A meta é alcançar os 20% da população votante, o que corresponderia à mesma participação dos muçulmanos na sociedade turca, que se pretende européia. A correlação se traduz no fanatismo: a toda hora você é abordado na rua por um crente que quer fazer a tua cabeça, convencendo-a a largar das drogas ou deixar de ser prostituta – seus parâmetros do Mal. Invadiram os terreiros antes reservados ao pastoreio da Igreja Católica e, na omissão do poder público, passaram a desempenhar um trabalho de assistência social que efetivamente auxiliou e foi de grande préstimo à população desvalida para, posteriormente, lhe dar frutos: estações de rádio, televisão, votos, deputados e, agora, o senador Crivella.
Fundamentalista a fé. Fernando Henrique Cardoso perdeu a prefeitura de São Paulo em 1986 para o histriônico Jânio Quadros apenas porque pisou na jaca, ao confessar que não acreditava em Deus. Imperdoável para o povo brasileiro essa confissão de fé. Apesar do paulistano ser o mais cosmopolita do Brasil. O que não impediu que, alguns anos depois, FHC se tornasse bi-presidente e ícone da modernização.
O que é a natureza!, como diria o esquecido comediante Zé Trindade.
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