“Saiba, meu povo da Paraíba, que se um pernambucano de Garanhus tivesse medo de cara feia, não sairia sequer da barriga de sua mãe”. De um fundamentalismo de causar orgulho a xiitas e sunitas. Lembrou o aquilo roxo de Collor em Juazeiro do Norte, antes de entrar em menopausa política.
Por que o clima semi-árido do Nordeste, num cenário de miséria, ainda continua a ser a arena ideal para as olimpíadas de presidentes? Todos cospem bravatas a respeito de não ter medo de cara feia, fechando o tempo. Por trás dos ontens, Lula acusou seus antecessores de covardes em Campina Grande e de passar o rodo no dinheiro a ser aplicado em açudes e cisternas, escudado no combate à fome.
A bem da justiça com os nordestinos, a síndrome deu o ar de sua graça quando o general Figueiredo bateu o martelo no começo do fim da ditadura com o prendo e arrebento a quem ousasse não tirar a mão da chave de cadeia do regime. A bomba destinada ao Riocentro acabou caindo no seu colo também e, em vez de destruir a genitália, o enfartou.
Lula encarna o êxtase de um político pop do agreste vestido de São Paulo, com Dirceu de eminência parda à sua esquerda, a esvoaçante Marta à sua direita, Genoíno à sua retaguarda, carregando o estandarte do pragmatismo, e o vice Zé Alencar à sua frente, o grilo-falante com seus arroubos.
Ao se empolgar no tranco quando engrena uma terceira e fala de improviso, esquece que o palanque agora é outro. Aumenta o tom ao se classificar como o sindicalista mais importante que o Brasil já teve e que criou o maior partido de esquerda. Tira um sarro de intelectuais e políticos ao não terem previsto que um metalúrgico nordestino comandaria os destinos de uma das maiores economias do planeta. A autenticidade prevalece sobre o perfeito juízo quando confronta o sol e a chuva, não haverá nada que o impeça de fazer pelo país e pelo povo, quase cantando, com um copo de cerveja na mão: eles merecem, eles merecem!
Lula está convencido de fazer o que precisa ser feito, quantas reformas forem necessárias, resolvendo a maioria dos problemas que retardam a marcha de nosso avanço. “Estou convencido” abunda em seus improvisos, a realçar sua convicção. Paga o preço que for para permanecer espontâneo.
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