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O MEDO DE AMAR DEMAIS

Alcoólicos anônimos, drogados, compulsivos sexuais, depressivos, obesos, chocólatras, antitabagistas, já nos perdemos de quem está a favor ou contra. O rebanho ganhou um novo reforço com as Mulheres que Amam Demais Anônimas – Mada.
Apenas mulheres são bem-vindas numa das igrejas da paróquia para assumirem a dependência de relacionamentos amorosos e que precisam de socorro. Tarefeiras que são, se esfalfam em agradar seus companheiros fazendo loucuras por conta, desde um simples gesto piegas e careta até um rasgo dramático mexicanóide para mexer com a cabeça desse imbecil que não dá bola pra nada e pra ninguém.
A Bíblia para as mulheres que amam demais foi escrita pela terapeuta conjugal americana Robin Norwood, que descobriu a galinha dos ovos de ouro quando sacou o que faz a mulher continuar desejando e esperando por esses vagarosos, egocêntricos e perdidos no espaço.
Dizer que grande parte provém de família desajustada e controladora, com tendências a reproduzir o modelo, é chover no molhado. No entanto, não conseguir escolher homens gentis e agradáveis para namorar ou casar com medo de serem abandonadas, se submetendo a um menosprezo sublinhado na última palavra que você nunca dá, aí é sério porque reproduz o perfil de suas ancestrais ainda gravado no inconsciente coletivo e no DNA, para que não esqueçam nunca quem é o seu feitor. Maldizendo, é a versão psicanalisada da Amélia. Homo Erectus.
Abrir mão de sua vida para fazer tudo em função dos desejos dele, tangida pelo desespero de não querer pensar que um dia poderá perdê-lo, é atração fatal onde fervilham obsessão, raiva, ressentimento, culpa e inquietação que propiciam um terreno fértil para desejar morrer inúmeras vezes, tantas quantos forem os homens errados que se aproximem, que nada têm a ver com você.
Foi o caso de Dinah, amante de um homem casado por 15 anos, até ele sofrer um derrame em sua cama e ela perdê-lo para sua esposa que a mandou sumir, agora quem iria cuidar daquele ser vegetativo seria a mulher oficial. E Dinah nunca mais o viu, sustaram e truncaram sua vida afetiva.  
Foi o caso de Elaine, que casou-se com um seboso grávido de um rei na barriga, que nem inteligente era muito menos bonito, uma lingüiça que nem capacidade teve para lhe dar o filho que sempre desejou. Sacrificou-se profissionalmente no frigir dos ovos conjugais, além de cuidar do sogro babão, um thriller do filho que gerou, filho esse que teria a ousadia e empáfia de tomar a iniciativa de se separar dela porque encontrou, finalmente, sua cara-metade.
Consolem-se com o beatle George Harrison, que não sorveu bem os ensinamentos do guru Maharishi sobre reencarnação, na célebre incursão que fez à Índia e às profundezas da vida, refletindo a queda na qualidade do LSD e pegando uma carona no Ziraldo que afamou o lema “Droga é uma merda”.
“A vida é uma merda, não adianta ser multimilionário e ter tudo o que imagina, ainda sim você vai morrer, passar por milhões de outras vidas e nem sequer sacar o propósito”. Lé com lé, cré com cré. Cré com cré, lé com lé.

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Antonio Carlos Gaio
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