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A VIDA CONTINUA

A morte ocupava importante lugar nas antigas civilizações que se esboçavam ao longo da História Antiga, bem como dentre nativos, indígenas ou tribos africanas, sendo celebrada com rituais e festejos sagrados. Os egípcios, astecas, maias e incas consumiram enormes esforços e trabalho na construção de pirâmides e sepulcros, tendo desenvolvido técnicas de mumificação que permaneceram até hoje. Desde que o mundo é mundo, havia um consenso sobre a morte em continentes separados por largas distâncias. O contato diário com os espíritos e a espiritualidade era a religião, o elo com a Mãe Natureza. Sem que houvesse um progresso material para se interpor, até a formação natural de riquezas sobrevir em torno da constituição de povos subjugando reinos vizinhos e explorando a alma do próximo, relegando o contato com os espíritos ao primitivismo.
A crença na existência de uma alma além do corpo físico continha a unanimidade de um deus único. Quando o corpo morre, ocorre o que os hindus chamavam de transmigração, ou seja, a alma passa para o corpo de outro ser que virá a nascer. Para os budistas, a condição da nova vida em corpo distinto é determinada pelo conjunto de nossas ações em vidas passadas. É a lei do carma. O objetivo das almas é livrar-se desse ciclo de renascimento e morte, até o espírito não precisar mais se restaurar ao atingir a iluminação plena.
Para os espíritas, acima de tudo, a morte não é o fim! A verdadeira vida seria alcançada após a morte. O que ocorre após o último sopro do coração? A morte é apenas uma passagem para o Mundo Espiritual. Chico Xavier desmistificou os receios a respeito dessa moradia, quando transmitiu diversas mensagens de espíritos para os seus familiares, trazendo consolo aos que ficaram e demonstrando, ao mesmo tempo, que o ciclo se encerrou, mas recomeçou outra etapa. Os entes queridos continuam existindo e ligados aos que ficaram pelos laços da afetividade. Ou religados, poder-se-ia dizer, porque desmaterializaram e a conexão se estabelece em outro nível de conversação, para o qual não estamos ainda preparados.
A vida terrestre, em um corpo físico, e a vida no Plano Espiritual, em um corpo sutil, são apenas fases para o aprendizado e aperfeiçoamento do espírito. O primeiro passo é diluir o descrédito em relação à continuidade da vida e a exigência de necessitar um sinal para começar. Ao morrermos, nossas almas seguem mais vivas do que nunca, levando na sua mochila espiritual tudo o que aprendemos nessa breve passagem terrena.

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Antonio Carlos Gaio
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