Na peça literária de Goethe, o diabo serviria a Fausto, como o gênio da lâmpada, em troca da sua alma: viver por 24 anos, sem envelhecer, entregue aos prazeres; ao seu término, direto para o Inferno. Fausto era um insatisfeito com os conhecimentos de sua época. Nascera fora do tempo. No afã de superar limitações que equivaleriam a se rastejar, evocou tanto os espíritos que se lhe apareceu Mefistófeles, o demônio, cujo significado corresponderia a inimigo da luz. Ao assinar o contrato com seu próprio sangue, não previu encontrar o amor de Margarida. Infrutífera a tentativa de obter a salvação; comprometera o seu destino irremediavelmente. Fausto vender sua alma ao diabo entrou para a eternidade como paradigma de políticos que pedem para esquecer seu passado ou elegem a virtude como seu cão-guia e, por baixo dos panos, são maquiavélicos, hipócritas e ministros do diabo. Sua compreensão se ampliou ao se estender para o restante da raça humana como sujeito de alma fraca e ruim, suscetível a mudar de lado se pagarem o seu preço. As últimas palavras de Goethe, antes de morrer em 1832, aos 82 anos, foram: “Deixem entrar a luz”. Com medo do diabo do Fausto o levar.
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