Na Índia, a divisão em castas sociais só não é percebida nas grandes cidades, onde nas relações profissionais não se admite tamanho preconceito, pois dinheiro e negócios falam mais alto. Também se procura aproximar mais dos padrões ocidentais nas relações de amizade e vencer o atraso de um tempo em que a viúva tinha de ser cremada junto com o falecido marido. Mas bastou cair de padrão ou ir para a Índia rural, onde vivem 70% dos 1,1 bilhões de indianos, para se nos apresentar o apartheid com que a África do Sul chocou o mundo, na versão hindu. Dalits e brâmanes não podem beber da água do mesmo poço, sentarem juntos no mesmo sofá e terem um filho. A pedra de toque de uma sociedade é o regime de casamento, onde se misturam homem e mulher e implica na união das famílias. Na Ásia e nos países islâmicos, de uma maneira geral, o casamento ainda é arranjado em torno de um bom negócio para ambas as partes, mesmo que o patrimônio seja um burro de cada lado. Até hoje os nomes de pretendentes dos classificados de casamento nos jornais indianos são separados em função de suas castas. Enfatizam a organização do patrimônio para alicerçar a união e o amor vem depois. Os padrões morais ocidentais põem o amor no regaço de Deus para Ele nos embalar e, quando o casal dá com os burros n’água, vira briga de foice para dividir o bolo. Que não é mais de casamento.
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