Para valer, só foram reparar no Ang Lee por ocasião do Brokeback Mountain, que atiçou o preconceito canalha no improvável romance entre dois homens, por serem vaqueiros no machista meio-oeste americano, e que procuram se estabelecer casando-se com moças do ambiente cowboy. Acontece que Ang Lee mostrou “Razão e Sensibilidade”, depois de seus 3 primeiros filmes ambientados em Taiwan, onde nasceu, com a trilogia “A Arte de Viver”, Banquete de Casamento” (Urso de Ouro, em Berlim) e “Comer, beber e viver”. É bem verdade que já havia inscrito seu nome no Livro de Ouro, quando voou no “Tigre e o Dragão” e abriu caminho para filmes no gênero. Mas antes passou completamente desapercebido em “Tempestade de Gelo”, quando enfocou o congelamento das relações conjugais em função do massacre da liberdade sexual nos costumes dos anos 70, trazido pelos ares de Woodstock. Ang Lee corre também o risco de não ser visto em “Desejo e Perigo”, em cartaz, abordando o pouco falado tema do colaboracionismo chinês com o invasor japonês, que ocupou a China de 1931 a 1945. De não se degustar o romance entre uma agente infiltrada da resistência e um chinês colaboracionista influente, carrasco de seus concidadãos. Ambos não podendo confiar um no outro e cada vez mais visceralmente apaixonados, com cenas de Kama Sutra que comprovam o amor não se incomodar com o tempo presente ou a ordem estabelecida. Os filmes de Ang Lee demonstram sua obsessão pela impossibilidade no amor. Se prestar a atenção, nada é trivial, diz Ang, no limite entre o perigo e o prazer.
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