Não combina o notívago Serra querer que São Paulo pare de fumar. Se o trânsito entre os paulistas exige que se molhe o bico para não se enxergarem no caos. Se a proibição ao uso das drogas se revela ineficaz e contraproducente, quando não hipócrita, pois criminaliza os cheiradores, injetados e puxadores e esquece os notívagos viciados em tranquilizantes. Precisou Michael Jackson levantar a lebre de que para dormir se injetava com anestésicos e nos despertar para o pesadelo de que morreu de um coquetel de propofol com demerol, para vir à mente Aldous Huxley: “no futuro, todos usaríamos drogas”. Em 1954, em seu livro “As Portas da Percepção”, escrito sob os efeitos da mescalina, constatou que a percepção pode se alargar de forma até humilhante, em virtude de o ser humano mostrar-se incapaz de lidar com tamanho arsenal de informações e imagens que assaltam sua consciência. Perigoso se ligar e conectar com outras esferas, não inteligíveis ao nosso raciocínio; pode dar chabu. Donde se conclui que nos afogamos num oceano de drogas, daí o combate indiscriminado ao fumo, álcool e tóxicos. O que incentivará o consumo de soníferos, para deixar as crianças mais calmas e fazê-las dormir o sono dos justos. Dos males, o menor. Melhor do que circular pela noite como o Serra, com seu ar de coruja.
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