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FIM DO MUNDO NO HAITI

Assim como os judeus se consideram o povo escolhido por Deus com o fim de cumprir Sua vontade para a humanidade, Haiti foi escolhido para ser adotado pela comunidade internacional, em virtude de o terremoto ter destruído completamente sua infraestrutura, que já era sofrível, e por ser um dos países mais pobres do mundo, a ponto de o auxílio internacional custear 60% dos seus encargos. E pensar que Haiti foi o primeiro país latino-americano a conquistar a independência e a abolição da escravatura, em 1804. Pouco adiantou, se os corpos se amontoam por enterrar cheirando mal, corpos são enterrados em fossas coletivas, corpos ainda vivos soterrados, mas por quanto tempo? Esmagados sob estruturas de concreto, com pouco ar, sem água e comida, inalando pó de concreto até morrer de asfixia. Um inferno não se prever terremotos. A morte é o fim do mundo? Se os haitianos sacrificados despertarem o sentido humanitário do planeta, que também é sofrível, para construir outro mundo menos doente e capenga de sustentabilidade, é o começo de um novo mundo. Será que a morte de uma mulher tão boa como Dona Zilda Arns, que não pensava em si, somente nas suas crianças, sob os escombros de uma catedral no Haiti, não configura um sinal claro que seu desaparecimento não pode ficar em vão? E que a sorte não foi madrasta com Dona Zilda Arns, nem a morte é violenta ou cruel, sendo apenas um corte duro em nossas pretensões, para funcionar como um alerta para aumentar a solidariedade dentre os que ficam. Através da catástrofe, trazer paz.

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Antonio Carlos Gaio
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