No adeus ao Saramago – o único escritor de língua portuguesa agraciado com o Nobel de Literatura -, apenas 200 pessoas compareceram ao féretro na Câmara Municipal de Lisboa para homenageá-lo com aplausos e cravos vermelhos. O presidente Cavaco Silva, seu antigo desafeto, não interrompeu as férias nos Açores. O Vaticano recordou seu passado antirreligioso e marxista. Por que tanto azedume? Só porque Saramago dizia em seus evangelhos que “a morte é essa coisa de hoje estamos, e amanhã não estamos mais”? Obrigando-o a se exilar, não sem uma certa amargura, em Lanzarote, nas Ilhas Canárias. Só porque Saramago respondeu à altura às tentativas de censurá-lo e discriminá-lo, fazendo reparos à evolução da mentalidade portuguesa? O tom ranzinza predominante no português. Chato, muito chato.
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