Embora a crítica tenha visto com bons olhos esse filme do romeno Radu Mihaileanu, falado em russo e francês, ela não chegou a enxergar ou valorizar o que a maravilhosa francesinha Mélanie Laurent resgata do Além, em meio à fuzarca da convocação de uma orquestra já desmobilizada há anos pelo comunismo, em novos tempos de máfia russa, para se exibir em Paris. A comédia em ritmo de peças de Molière empana a seguinte questão: tendo seus pais sido assassinados nem bem você nasceu, é possível sua mãe encarnar muitos anos depois, apenas durante um concerto, de violino em punho, para desfazer a versão mentirosa com que enganaram sua filha, também violinista, a respeito do destino dos seus pais – para a menina não sofrer e crescer revoltada, jurando vingança. A música é o melhor bálsamo para curar cicatrizes. O concerto é de Tchaikovsky e os segredos de família devem ser vazados para que a espinha não fique entalada na garganta.
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