Se Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, vivia um mundo fora da realidade e era esquizofrênico, ou até mesmo um psicopata, com certeza, na hora em que preferiu atingir as meninas – 10 dos doze mortos -, confessou ser um misógino. A aversão ao sexo feminino estampada nos tiros disparados contra o rosto e a cabeça, desfigurando-as. Nos meninos, atirava apenas para machucar, quando não nos pés. Embora, na loucura assassina, o tiro a esmo tenha preponderado e conduzido sua alma para o inferno, quando elegeu como alvo a escola em que se formou, Tasso de Oliveira, no bairro de Realengo, na mesma rua em que morou durante o seu tempo de aprendizado. A frustração de não nascer de outro ventre ou origem ou rincão, encaixado no afã de começar tudo de novo numa próxima encarnação com mais chance e futuro promissor, como se pudesse negociar com Deus. Tanto isso é verdade que, seguro de sua partida para os braços de espíritos malignos que o graduaram, tratou de inutilizar os rastros de suas patas, pondo fogo em seu computador. O covarde tentou se esconder atrás de uma castidade, revestida de uma pureza psicótica, transcrita em carta que entrou em contradição com o seu prazer em atirar quase sempre na cabeça de suas indefesas vítimas, e na sua própria – dado revelador em que a falta de uma mente brilhante era o problema. O facínora mandava que as crianças virassem a cara para a parede e avisava que iria matá-las. Encurralava e executava, sob as súplicas de “não atire em mim, por favor!”. Parecia uma cachoeira o sangue escorrendo pelas escadas. Meninos e meninas desmaiavam e se amontoavam no chão, pisoteados por outros garotos e garotas durante a fuga em desabalada correria. Muitos gritavam o medo da morte pela forma vil. Foram pelo menos 10 minutos com cerca de 60 tiros disparados, quase sem parar, por um filho adotivo cuja mãe biológica tinha problemas mentais e tentou o suicídio. De tal forma identificado com a al-Qaeda, sonhava estar num daqueles aviões e se enfiar num colossal edifício de 100 andares para perpetrar o terror e o caos. Seria a glória para uma existência tão medíocre. Entrar para a História, mesmo com o sinal de menos, a caracterizar baixa autoestima, necessitando se tornar um monstro para ser notado.
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