O Supremo Tribunal Federal está de parabéns por não ter se furtado ou continuar negando o direito aos homossexuais na constituição de famílias. O ministro Ayres Brito acertou um petardo devastador na sociedade conservadora, moralista, preconceituosa, intolerante, hipócrita e cínica, quando prolatou em sua sentença que o órgão sexual é um plus, um bônus, um regalo da natureza; não é um ônus, um peso, um estorvo, menos ainda uma reprimenda dos deuses. Nos insondáveis domínios do afeto, os gays soltam por inteiro as amarras desse navio chamado coração. A heteroafetividade em si não torna os homofóbicos superiores a nada nem os beneficia com a titularidade exclusiva do direito à formação de famílias. Deve se buscar no reino de Deus na Terra a igualdade pura e simples tal como é no Plano Espiritual, pois não se pode alegar que os heteroafetivos perdem se os homoafetivos ganham. Nas palavras do frei Gilvander Moreira, teólogo e mestre na arte de interpretar textos bíblicos, Deus ouve os clamores de todas as pessoas oprimidas; Deus é amor e não discrimina nem pune ninguém por opção ou orientação sexual: acolhe a todos sem distinção. Quando já há diversos gêneros de famílias que prenunciam o fim da hegemonia da moral heterossexual como famílias só com mães e filhos, originadas em abandono de lar por homofóbicos. A noção de família abalada por sobreviver apertada em um único quarto de cortiço ou arrochada em barracão de favela, quando não em área de risco. Marido e mulher, sem filhos. Por que não homossexuais casados no preto no branco?
Deixe um comentário