Professor, médico e policial nunca fizeram jus a um salário justo por parte das províncias. Salva-vidas então não tem nem direito a protetor solar ou óculos escuros, talvez por acharem que se divertem na praia todo dia. Mas daí invadir, a título de piquete grevista, o Quartel Central do Corpo de Bombeiros no Rio, com esposas e filhos servindo de escudo, é se colocar no mesmo nível de Kadafi, que usou a população civil para impedir que Trípoli fosse bombardeada pela OTAN. É se igualar aos traficantes quando eles expõem os moradores das favelas às balas perdidas, como muro de proteção ao tráfico. Dizer que arrombaram o portão para curtir a noite de uma sexta-feira com suas famílias em sua segunda casa, que é o quartel, e fazer um rango com os produtos saqueados da geladeira e os alimentos que estavam no refeitório, só se for pelo prazer de furar pneus e mangueiras além de quebrar para-brisas de carros da corporação, bem como depredar lixeiras, extintores, bebedouros, mesas e cadeiras. O mais triste ocorreu com a mulher de um cabo, que abortou seu terceiro filho, apavorada com a ocupação truculenta da tropa de elite. Foi aí que os amotinados se deram conta de que são bombeiros e não bandidos. Com fogo não se brinca. Mas não vão faltar mediadores para apagar o incêndio.
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