Há quem pense que muitos nazistas proeminentes escaparam relativamente impunes ao fim do regime, como Karl Friedrich Guggenberger, que, no comando do submarino U513, a partir de janeiro de 1942, levou terror a qualquer embarcação aliada que passasse entre Rio e Buenos Aires – promissora área de caça por ser rota de passagem de suprimentos para os EUA e a Europa. Aos 27 anos, afundou 17 navios, levando 70 mil toneladas de carga para o fundo do mar e fazendo jus à condecoração com a Cruz de Ferro, a maior honraria do Reich. Até ser ridiculamente torpedeado por dois hidroaviões americanos, ele que havia torpedeado o porta-aviões britânico Ark Royal, em 1941.
Apesar de 46 tripulantes terem morrido, Guggenberger sobreviveu para tripudiar dos americanos quando, detido no presídio de Phoenix, no Arizona, comandou a escavação de um túnel que desembocava a menos de 200 km da fronteira com o México, permitindo a evasão de prisioneiros de guerra dos EUA. Ele optou por não fugir para aguardar o fim da guerra, cursar a Escola Naval (facilitado por ter morado nos subúrbios de Nova York durante sete anos) e, já na Europa, reingressar na nova Marinha alemã, amplamente reformulada com o pós-guerra. Formou-se arquiteto e até ocupou um alto cargo na OTAN, reformando-se aos 57 anos já como almirante.
Sabedor de que era considerado um dos queridinhos de Hitler, quando o Führer sonhava em se tornar onipresente nos mares e oceanos do planeta, Guggenberger demonstrou ter tutano para manter-se vivo se não lhe pesasse nas costas, gravada a ferro e fogo, a suástica do nazismo. Em 1988, aos 73 anos, Guggenberger desapareceu em passeio por uma floresta da Baviera – seus ossos foram encontrados três anos depois. Os judeus, em sua caçada inclemente aos nazistas, não deixaram pista. A infligir-lhes o suplício da perseguição e o drama na consciência, em retaliação ao que padeceram nos campos de concentração. Obrigando-os a pensar nas consequências de seus atos contra a nação hebraica. Como escapar impunemente a esse tremendo castigo, que decorreu de um somatório enraivecido de todas as perseguições, banimentos, guetos, processos inquisitórios e caça às bruxas, dos quais o povo judeu foi alvo ao longo dos séculos?
O alemão não teve um dia tranquilo finda a 2ª Guerra Mundial. Provocou a união dos que se encontravam dispersos mundo afora contra a barbárie, uma ameaça constante, ainda presente, que trucida a quem quer que se oponha ou vá de encontro a uma nova configuração no sistema político de representação popular.
Deixe um comentário