Ardoroso defensor do Partido Democrata e de ideias consideradas socialistas pela direita americana, George Clooney faz um mea-culpa em “Tudo pelo Poder”, filme que dirige e contracena, confessando que o seu partido também pode incorrer nas mesmas falcatruas que o seu maior inimigo, o Partido Republicano, adota sem um pingo de escrúpulo e sem sentir a menor culpa. A única diferença é que os democratas professam elevar o nível do jogo político enquanto os republicanos não se acanham em chantagear ou declarar guerra a quem quer que seja em defesa dos interesses dos ricos e dos poderosos. Menos mau, senão seria uma sujeirada só. Contudo, o final do filme é em tudo e por tudo igualzinho ao PT, que afirmava que iria dar um fim à corrupção e acabou engolido pela máquina do poder, forte o suficiente para corromper quaisquer valores dos arautos da honestidade. Quando, para ingressar no círculo do poder, o cidadão é livre para vender sua própria alma, trocar de lado, negociar consultoria, varrer a sujeira para debaixo do tapete e fazer coligações abjetas com os sarneys de lá, para conquistar a candidatura, e os daqui, para aprovar projetos do governo no Congresso. Fica a dúvida se é reconfortante tomar conhecimento de que lá, como aqui, a mentira campeia, a despeito do puritanismo anglo-saxão e do ângulo que observar. Cada um defende o seu lado, seja para atender a seus interesses ou o que mais lhe convier e ser tachado de cínico. Seja por idealismo ou convicções em plataformas e ser tachado de ingênuo. Os cínicos garantem que a tendência é os supostos ingênuos virarem o fio à medida que o jogo sujo do poder não permite que fiquem em cima do muro. Mesmo porque não existe a menor chance de justiceiros sobreviverem no jogo político. Há um esquema a ser obedecido.
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