O Exército acaba de entregar à Polícia Militar do Rio de Janeiro o controle do Complexo do Alemão, depois que, em novembro de 2011, expulsou traficantes e bandidos em invasão britanicamente organizada de um conglomerado populacional que precisou de seis Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) para ser transferido ao poder civil. Cumprindo um papel que foge às suas atribuições normais de defesa do território nacional contra ameaças externas. O papel de herói, como há muito tempo não se via, mercê da corporação. Tamanha grandeza, visão, desprendimento, coragem e espírito de corpo fechado com a solução de problemas sociais em dissonância com o porte alcançado pela economia do país bem que poderia influenciar os militares da reserva, que pararam no tempo e no espaço em defesa da ditadura militar. Chovem denúncias de tortura. Autoridades, delegados e carrascos resolveram falar antes que seja tarde demais para maquiar a ficha suja. A alma dos desaparecidos e executados clama por um atestado de óbito verídico e o direito às suas famílias de pranteá-los diante de jazigos com seus restos mortais. Pobre de espírito quem pensa que a Lei da Anistia acoberta os horrores perpetrados na Casa da Morte e numa rede sinistra incrustada em pavilhões militares. É melhor ir até a Comissão da Verdade e contar o que sabe. Dar a cara a tapa e a História do Brasil ficar com as duas versões. Antes que o depoimento dos chamados perdedores, o mais fraco e oprimido, ganhe foro de verdade em definitivo. A posteridade agradece.
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