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DISFUNÇÃO ERÉTIL

No passado, envelhecer e ficar broxa correspondia à morte para o homem. Até surgir o Viagra e coleguinhas do ramo para garantir um pouco mais de sustentabilidade ao homem. Afinal de contas, esses remédios equivalem a drogas sintéticas que sepultam os poderes que o espinafre proporcionava ao marinheiro Popeye.
Mas o agora inseparável companheiro não tranquiliza de todo o panorama. Perturba começar a rarear a ereção formidável dos tempos de pensar com a cabeça do pau, apequenando-se na frequência. De não poder sentir firmeza em determinados desenlaces e entrar em contato com o menor enrijecimento ou constatar um retesamento abaixo da expectativa. Principalmente nos momentos em que o homem não está muito envolvido ou aquele caso apresentar um certo desgaste, não tendo probabilidades de se renovar. Ou se encontrar num casamento que não oferece maiores atrativos.
Quando antigamente o pau não falhava. Comparecia sempre. Sem pestanejar. O orgulho da raça. Até incomodava por não deixar refletir para perceber que aquele pedaço de mau caminho seria sua perdição.
É a disfunção erétil que se avizinha, arrastando-se que nem um réptil em sua direção para quebrá-lo todo por dentro e tirar sua convicção de macho. Como sustentar um romance ou alimentar um envolvimento, seja de que caráter for, se o homem equipara a disfunção erétil a um ataque por trás? No sentido mais ambíguo que se possa imaginar, para vingar-se de seu apogeu, trair suas tradições e ser desleal à grande causa do homem, com o propósito de acabar com sua banca, abaixar a sua crista e remeter sua pose ao arquivo morto. Tornando-o manso ao emasculá-lo, mas mantendo as aparências.
Sem cair no lugar comum de ser próprio da terceira idade ficar broxa, a disfunção erétil pode surgir como resultado do desprazer de ser privado de gozar sensações provocadas por uma energia vital que não mede consequências, como, por exemplo, o sexo tântrico, desviando a trajetória do homem para uma interiorização de caráter espiritual que o faz embrenhar-se por plagas nunca dantes percorridas. O que permite um maior autoconhecimento que, em muitos casos, não dá vontade de abandonar esse estado de espírito por nada desse mundo. A ponto de levá-lo a concluir o que tempos atrás pareceria absurdo e não confessaria para o seu melhor amigo: isso é melhor do que sexo!
Mesmo porque sabe que não mais irá aparecer uma sereia para levá-lo às profundezas do oceano e conhecer o verdadeiro amor.
Embora não sendo mais jovem, quando o homem precisa de sexo para se reafirmar, não há necessidade de se considerar velho e acabado, se o desejo continuar presente. O sexo apenas se tornou mais amadurecido. As fantasias amorosas e sexuais vão perdendo a intensidade e o brilho com a idade, mas em alguns casos persistem a ilustrar masturbações e desejos impossíveis de realizar. Ainda mais se o homem for do tipo de nunca ter perseguido um ideal de mulher – sempre foi às compras. Procurando aceitar o que a vida nos disponibiliza, nos oferece ou nos propõe para destrinchar e desenvolver uma relação.
Só entrará em conflito se insistir em exibir performances ou, para ele, amar ser promíscuo ou não livrar-se do vício de recorrer a prostitutas.
Levando o homem a considerar se a maior razão para a disfunção erétil arrasar com sua envergadura não teria sido o corrosivo e progressivo desencantamento com as relações que se desenrolaram em sua vida, abatendo-o paulatinamente com a reação das mulheres, pouco importa se justas ou não, e introvertendo decepções amorosas pari passu com a perda de potência que veio se manifestando.
Problema maior é do homem que nunca foi de uma mulher só, adaptando-se ao que existe, fugindo ao misticismo do ideal. Por ter se acomodado a esse status e aí surgir a disfunção erétil para deixar bem claro que o bom funcionamento só vem com muito amor.

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Antonio Carlos Gaio
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