Por que Gilmar Mendes se apresentou tão titubeante, como se estivesse pisando em ovos para não desagradar seus pares? Gaguejando muito e nervoso como se fosse um iniciante, contrastando enormemente com o ministro Peluso, que se despediu do plenário com um julgamento brilhantemente bem marcado e definido, por mais que se possa discordar de tanta subjetividade, transparecendo um detetive de mão-cheia. Será porque Gilmar não se sentiu muito à vontade em pretender igualmente condenar o governo Lula? Com declarações políticas do gênero: “O que fizeram com o Banco do Brasil? Como nós descemos na escala das degradações?”. Com que moral, vossa excelência? Se suas ligações explícitas com o ex-senador cassado Demóstenes Torres, o despachante de luxo de Cachoeira, o aproximam do mundo da contravenção, embora convenientemente abafadas pela mídia, cuja prioridade é o julgamento do mensalão. Os tique-tiques nervosos de Gilmar Mendes denunciam que não poderá fugir da raia: em breve, terá de julgar o mensalão do PSDB imbuído do mesmo espírito condenatório. Caso vote com leniência e absolva os corruptos, virão à tona os seus vínculos com o PSDB. Ele que foi Advogado-Geral da União no governo FHC, no qual nenhum documento saía ou chegava à mesa do presidente sem sua revisão, o que lhe valeu a indicação para o Supremo Tribunal, com direito a foto do Príncipe na sua mesa de trabalho. Se o ministro Toffoli deveria se declarar impedido para julgar o mensalão por suas notórias ligações com o PT, por que o proverbial silêncio da mídia a respeito das convergências de Gilmar Mendes? A moral tem duas faces.
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