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OPERAÇÃO CONDOR

O condor é uma espécie de urubu, típico da Cordilheira dos Andes, que se alimenta da carniça de outros animais que morreram ou que estão por se despedir. O fetichismo sempre pulsante criou uma cerimônia durante a conquista da América do Sul pelos espanhóis, a partir de considerar o condor como possuidor de poderes divinos. Sendo imprescindível capturar vivo o pássaro de 3 m de envergadura, matava-se um cavalo ou outro animal de grande porte num local frequentado por condores. Abria-se o corpo do animal morto e o deixava exposto ao ar livre. Certamente daí a um tempo algum condor desceria para devorar os restos do animal e comeria tanto que não poderia voar facilmente, sendo então capturado. Entorpecido com aguardente para que ficasse calmo, o condor era adornado com enfeites para a cerimônia em sua homenagem, amarrando-se as patas nas costas de um touro, que seria solto na praça diante de toda a comunidade local. Ao sentir-se preso e desejando libertar-se, o condor usava seu poderoso bico contra o dorso do touro, que tentava a qualquer custo livrar-se dele. Depois de 20 minutos, interrompia-se o espetáculo e separavam-se os dois animais. Acreditava-se que, sendo a conexão entre o céu e a terra, o condor ficaria satisfeito em haver consumido sangue e carne fresca. No dia seguinte, o condor era levado a uma montanha e libertado. Este festejo envolvendo sangue era também uma forma de revanche dos povos andinos, simbolizados pelo condor, contra os espanhóis, simbolizados pelo touro. Posteriormente, seria utilizado como símbolo da Operação Condor, que agregava as ditaduras do Brasil, Chile, Argentina e Uruguai, com o objetivo de unificar as ações de todos os aparatos repressivos para coordenar a tortura e eliminação de esquerdistas do Cone Sul. O símbolo do que uma pervertida máquina de tortura seria capaz de fazer com suas vítimas, bicando até tirar suas vidas. Pobres dos animais diante do irracionalismo do homem.

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Antonio Carlos Gaio
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