Para ficar claro. A exumação do corpo de Jango Goulart é para constatar se a ditadura militar envenenou o ex-presidente em retaliação ao esquerdismo em que mergulhou o país em seu governo. A seguir essa linha de raciocínio, é como se tivessem que assassinar Lula por ser um líder popular adorado pelas massas e ter adotado medidas que provocaram a mobilidade nas classes sociais, diminuindo a pobreza, ato esse considerado comunista nos anos sessenta. Como Jango tomava medicação diária para o coração, há que investigar se existem substâncias letais em seu cadáver, 35 anos depois, que provocaram o infarto. Ou seja, um suposto remédio para matar Jango do coração, como ato reflexo e terrorista do Estado militar. Exatamente da mesma forma como o stalinismo eliminava alguns inimigos do regime, senão o próprio Stalin. O comunismo, o mesmo inimigo dos militares, e que motivou a eclosão do golpe de 64. Ambos, antagônicos e ditatoriais, digladiaram no campo das ideias usando o mesmo método, a mesma perfídia, para calar a posição contrária. De que adiantou os militares terem criado um aparelho de terror e torturas no Brasil para ficar escondendo e negando toda vez que postos sob acareação com as famílias das vítimas? Será que eles pensavam encarnar o bem e o crime ser moralmente aceitável?
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