Marco Bellocchio, o diretor de “A bela que dorme”, debruça-se sobre o drama de pessoas em estado de coma que passam anos em estado vegetativo, sujeitas ao destino de parentes decidirem se desligam ou não os aparelhos que as mantêm vivas. Entremeado com o problema religioso que, na Itália do Papa, só agrava. Nas mãos de políticos corruptos e hipócritas para legislar, à semelhança do Brasil, o que só piora. Mas que, nas mãos deste estupendo diretor ateu e comunista, só melhora, pois conecta com problemas de viciados crônicos ou malucos de pedra que a sociedade, se pudesse, desligaria os meios pelos quais Deus os mantêm vivos, eliminando-os de nosso convívio por nos incomodarem sobremaneira. Contudo, por amor, se pode desligar os aparelhos, ajudando os cativos a se livrarem de suas amarras. Mas também, por carência de amar, bem se pode apaixonar ignorando a crônica loucura de seres à nossa volta, com Bellocchio traçando um paralelo entre o crescente número de pessoas em estado vegetativo e a progressiva insanidade do chamado mundo normal.
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