Sim, cuspo mesmo palavras fáceis.
Sempre gostei de poesia tátil
Que se pode pegar com as mãos calejadas
De muito trabalho e pouca leitura.
Versos chafurdados na loucura do poeta,
Com língua afiada e indiscreta.
Que mesmo com rimas pobres,
Carreguem conteúdo nobre.
Ironicamente, uma das minhas palavras preferidas
É a tal “prosopopeia”*,
Mas não pelo significado,
Pela sonoridade.
Nem parece verdade.
Tem cara de brinquedo.
PRO-SO-PO-PEI-A.
Ui, que medo!
Eu curto mesmo ser simples.
Acho muito complicado
Ser outra coisa além disso.
E não estou nem aí
Se alguém achar errado.
Não tenho compromisso com formalidades.
Não quero ser elite.
Só quero ter verdade,
Por mais que eu grite.
Podem me chamar de ignorante, inculta.
Aceito até ser uma filha da luta qualquer.
O que vale é que eu sei que sou uma mulher
Que escreve sobre gente.
Aliás, sou simplesmente gente
Que sente e escreve.
Que escreve o que sente.
Eu sou leve.
O resto me é indiferente.
Que os outros carreguem.
*Prosopopeia, pra quem não sabe, é um discurso empolado, metido a besta, cheio de pompa e circunstância.
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