É o candidato da Argentina ao Oscar de melhor filme estrangeiro. São seis histórias independentes sobre fatos cotidianos que avançam sobre uma linha tênue que mal separa o mundo civilizado da barbárie, o que chamou a atenção de Pedro Almodóvar que o produziu, fato esse não ressaltado pela crítica especializada, tornando-se o longa mais visto do ano na Argentina. Por isso mesmo provoca identificação quase imediata com o público, fruto de roteiros muito bem desenvolvidos que permitem a cada história atingir o clímax na sua força máxima. Escrito e dirigido por Damián Szifron, que acertou na mão ao escolher contar os episódios em tom de tragicomédia, conectados por protagonistas fora de controle, que não pensam duas vezes se tiverem de eliminar seus desafetos. Não obstante nos induzir à reflexão ao discutir intolerância, é permeado por um humor inteligente, a principal característica de Relatos Selvagens. Todas as histórias enchem nossos olhos de admiração pela criatividade, mas se sobressaem mais a disputa de dois motoristas na estrada, o engenheiro (o fabuloso Ricardo Darín) indignado com uma multa indevida e a burocracia sem limites e o milionário que tenta livrar o filho da cadeia após ter atropelado uma grávida. No entanto, a última fez jus a receber aplausos da plateia: uma noiva que descobre a traição do marido em plena festa de casamento.
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