Tem certos filmes em que você sai da sala de exibição não gostando muito, pronto para levantar defeitos na sua concepção ou no dejà vu de uma freira que não está preparada em se render aos votos da pobreza e passar a maior parte do tempo em um convento. Basta ouvir conceitos inesperados ou o seu entendimento se mostrar ralo para abalar sua crítica. Pior é que, quando você tenta explicar o que não lhe agradou no filme, só emite qualidades e nuances interessantes que poucos observaram, tornando incoerente sua opinião. O que era um ambiente sinistro do comunismo dos anos sessenta na Polônia, vira apropriado para retratar a tia da freira, a melhor personagem, e sua decadência política e existencial. Que vida seria reservada à freira se renunciasse a seus votos. Além do Holocausto, o que mais aconteceu (inédito) aos judeus na Polônia, em sua sanha persecutória e sofrida. O destino da freira sem dar margem à felicidade conjugado com o da tia, sem mais amor para trocar, desafiando o regime e questionando a religião, formam um conjunto que desenraíza as estruturas de uma família, somente recuperada se resgatados os restos mortais dos pais judeus da freira. Tamanha grandiosidade no tema, se apenas resgatado no dia seguinte, quando não mais, pode torná-lo um completo ignorante aos olhos inquisidores de outros, supostamente mais connaisseurs na sétima arte. Pois eles não confessam seus erros na apreciação de uma arte mestre em nos iludir.
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