Sim, eu não sei
o que seria,
o que será,
o que sei lá
nosso amanhã.
Só sei desse desejo
e desse afã
por nós dois hoje.
E eu sei o quanto é difícil
superar o que nos separa,
mas, cara, eu já vivi um tanto
e amei muito pouco,
por sempre empenhar tanto esforço
em fazer o conveniente.
Eu bem sei como é diferente
quando o desejo é latente e forte,
o quanto na paixão tem de morte,
o quanto de medo e de dor.
Eu sei desse ardor,
mas também sei
que não se compara
essa vontade tão rara
com carinhos incompletos,
desejos discretos e fracos.
Eu sei quanto é fraco
um não-amor.
Então mesmo que
nosso caso não seja
do bolo, a cereja,
eu não posso me negar
a sentir assim tanto
nesse por enquanto.
Não tenho isso
em mim todo dia.
Essa fome e alegria,
essa vontade e agonia
de querer mais de alguém.
Por isso, por favor,
vem que eu também vou,
eu até voo, porque sim,
eu não sei o que seria,
o que será, o que sei lá
nosso amanhã.
Só sei que preciso
viver nosso hoje.
A vida acaso não é
uma eterna sucessão
de hojes?
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