Se Sarney foi presidente da República, por que eu não posso ser? Assim funciona a cabeça do deslumbrado Eduardo Cunha em seus 2 anos de fama como presidente da Câmara de Deputados. Incomodando até o experiente Renan Calheiros, presidente do Senado, que entrou em campanha para disputar o exercício da Presidência da República com Dilma, legitimada por seu mandato conquistado com votos, depois de Aécio ter abandonado a arena desmoralizado com a bandeira do impeachment em frangalhos. Renan quer posar de bom moço com discurso voltado para o trabalhador e contra a terceirização de Eduardo Cunha, aproveitando que Dilma iniciou mal o seu mandato, prejudicada pela Operação Lava Jato e a corrupção na Petrobras, e vai se calar justamente no Dia do Trabalhador com medo do panelaço e com Renan acusando-a de não ter nada para dizer, tantas as concessões que desvirtuaram seu perfil ideológico. Muito embora seja Renan o investigado pelo ministro Teori do Supremo e possa virar réu. Logo Renan, que já foi flagrado com sua amante sustentada por uma empreiteira que lhe devia favores, cismando de também fazer oposição a Eduardo Cunha, apesar de ambos os canalhas pertencerem ao mesmo partido e alimentarem a ilusão de que disputarão as eleições de 2018 com candidato próprio à presidência, livrando-se do PT em definitivo. Mas foi Eduardo Cunha o picado pela mosca azul, pavoneando-se em festa do PMDB patrocinada pelo filho do corrupto Newton Cardoso, ex-governador mineiro. Alardeando que não dependeu do PT e da oposição para ganhar a eleição de presidente da Casa, o que permitiu a ele um protagonismo político que deu liberdade para a bancada da bala, do fundamentalismo religioso, do agronegócio e um punhado de picaretas tomarem conta do Brasil – maioria no Congresso. Humilhando o PT e derrotando-o em plenário na hora que bem entender, “salvo quando a gente fica com pena na última hora, pois onde o PT vai, não ganha sequer uma votação”. Vingando-se de 12 anos de massacre de política petista no poder, e de Dilma ainda não ter podido começar a governar em 2015, por ter de acomodar medidas ao caráter do governo de um Aécio para acalmar o mercado e evitar uma crise de maiores proporções, fomentada na campanha eleitoral para minimizar e diminuir o apelo das conquistas sociais nas diversas políticas de inclusão, que irritam o establishment. Cometendo ele, assim, um erro crasso em política ao atuar com o fígado, destilando ódio, masturbando-se na vaidade, sonhando em governar o Brasil com sua quadrilha, e tornando-se uma Marina ao contrário por massacrar PT e PSDB. Até cair do cavalo quando despertar do sonho e se vir cercado por traidores que seguidamente o apunhalarão, inconformados com suas manobras, que só atraíram o dissenso e o caos. Fazendo pouco da rala organização de manifestações populares, imbuído da frequente prática de esfriar reivindicações inadiáveis, sempre atribuindo a culpa ao rei (a presidenta) no alimentado desejo golpista, e se eximindo de culpa no exercício da democracia. Basta seguir desgastando a imagem de Dilma, já que no PSDB só tem bunda mole, que o lugar no pódio é seu com a tremenda carência de estadistas e homens de visão no país, a exemplo do que se observa no futebol com a inexistência de foras de série, não atentando para o surgimento de lacraias que irão engolir essas serpentes. Quem seriam essas lacraias? Aguardem os próximos capítulos. O Brasil é um país capaz de nos deixar com cara de babaca ao desrespeitar o imaginário coletivo brasileiro, quando reelegeu uma presidente para, antes de ela tomar posse, já não a deixarem governar sob o pretexto de ter sido eleita com outra plataforma, configurando um estelionato eleitoral. Como só e acontece com essa mesma oposição, capaz de espancar professores em Curitiba, tratando-os como elementos de alta periculosidade, ou se fingirem de autistas em São Paulo negando todo e qualquer problema, ou a mídia continuar explicando suas manipulações e falsas edições no passado para ficar bem com a posteridade, enquanto prossegue reproduzindo hoje os mesmos crimes de deformação na notícia, como se ninguém fosse observar. A banalização da mentira (do mal) que sabota a busca pela verdade e pela ética de que tanto necessitamos parte do princípio de que o mundo está perdido e que pensar em contrário soaria a ingenuidade, a dar murro em ponta de faca, possível em tempos de outrora onde havia espaço para o idealismo. Por isso, esse atual clima de vender até sua própria mãe, negociar o preço de sua alma, trair sem culpa e sair do PT como Marta Suplicy depois de 33 anos para, aos 70 de idade, se lançar numa aventura eleitoral movida pela ambição. Parecendo estimulados pelo uso de drogas, tamanho sem sentido que emprestam aos seus caminhos, salvo o candente desejo de se assumir mafioso, um cortejado homem do mal em desprezo total às necessidades coletivas. Havendo que viver apenas o presente para usufruir as benesses imediatas, antes que o mundo se exploda com tantos interesses divergentes na ordem do dia, que não dá nem para acompanhar a ação dos varredores, dos médicos e dos juízes de pequenas causas, que tentam pôr a casa em ordem. O quadro é de fim do mundo nos três poderes sem que se saiba qual o papel real de cada um, com o ministro Gilmar Mendes pedindo vista de um processo que já perdura por um ano, extremamente importante para as definições da reforma eleitoral. Com todas as peças inerentes ao jogo democrático perdendo a noção quanto ao seu papel na sociedade, a tendência é expurgar os nocivos da coletividade e ficar com o Estado mínimo, assim melhorando o que se convencionou chamar de Companhia dos Fodidos Privilegiados, graças ao falecido Antonio Abujamra.
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