Pouco se fala de 150 anos no passado da História de civilizações que viraram a página do conhecimento, em caráter faraônico, no seu conjunto de princípios, conceitos, pensamentos, padrões estabelecidos, teoremas, leis dos fenômenos naturais e informações armazenadas pela humanidade, com influência na ordem social e na polícia dos costumes. Segundo Platão, a apreensão intelectual das essências eternas e imutáveis de todas as coisas, para além de suas aparências sensíveis. Uma revolução no saber, percepção e na consciência, que repercutem até hoje, ultrapassados 2.400 anos. Nos meados de 564 a 428 a.C., quando Platão nasceu.
Inicia-se no apogeu de Lao Tsé, o fundador do taoísmo. Tao é o caminho que veio de um passado ainda nebuloso e se estende para um futuro infinito. O elo que conecta todos os tempos e consagra que o mundo inteiro está interligado. Para alcançar o todo do Tao é preciso renunciar à mortal lógica, deixar-se conduzir pela intuição, concentrar-se em lugar de extravasar, eliminando-se os obstáculos a todas as suas tendências, pois o tiranizam no seu crescer. Se o homem bem entender a sua função de servidor e não se arrogar o título de senhor do universo, em que todos os grandes feitos são obrados pela Alma do Universo, cabendo a ele o papel de um inestimável colaborador dessas grandezas.
Eis que Buda nasce. Confúcio surge em meio às fábulas de Esopo, nas quais os animais falam e se comportam como os homens, a fim de ilustrar o bem e o mal, a esperteza e a parvoíce. Extraindo-se “A raposa e as uvas”, “O lobo e a ovelha” e “A galinha e os ovos de ouro”.
Erguem-se os jardins suspensos da Babilônia, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Em 539 a.C., Ciro, o Grande, conquista a Babilônia e funda o império persa. Lá, o profeta Zaratustra funda o Zoroastro que, primordialmente, implica na luta entre o bem e o mal, presente em todas as esferas do Universo. A primeira manifestação de um monoteísmo ético, que viria a influenciar o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, com a crença no juízo final, no paraíso e na vinda de um messias.
Em 520 a.C., o apogeu de Buda na Índia. A luta contra o apego e o pretender reter tudo o que amamos, em virtude de nada ser permanente. Somos o produto do acúmulo de vivências de milhares de anos, cultivadas nos jardins de nossa consciência. Esse é o nosso carma, cujo verdadeiro fim é mudar o destino com a nossa prática. O que construímos hoje é a casa em que iremos morar amanhã. Não adianta alegar que não sabia, quando o mal praticou. O carma está criado e a responsabilidade é de sua lavra.
Em 510 a.C., o apogeu de Confúcio na China. Estabeleceu parâmetros morais para o homem e a sociedade, calcados na prática de virtudes éticas na vida pública e privada. Pregava a obediência às antigas tradições e ritos e o culto dos antepassados, por considerá-los úteis na preservação dos valores morais. A vida social e política têm de se organizar sobre a base do sistema familiar; a relação de marido e esposa fundamenta as relações humanas.
Em 509 a.C., com a expulsão dos etruscos, o fim da realeza em Roma e a proclamação da República. Seguidos da fundação da democracia ateniense. Em 469 a.C., o nascimento de Sócrates.
Sócrates sempre dizia que sua sabedoria era proporcional à sua própria ignorância – “só sei que nada sei”. Os equívocos são consequência da ignorância. Nunca proclamou ser sábio. Sua intenção era levar as pessoas a se sentirem ignorantes de tanto que indagava e problematizava conceitos que o cidadão tinha como verdades absolutas. Até colher o adversário presunçoso em evidente contradição e constrangê-lo à confissão humilhante de sua ignorância. De tanto questionar, principalmente os sábios, começou a colecionar inimigos. O perfeito conhecimento do homem é o objetivo de todas as suas especulações e a moral, o centro do questionamento, para o qual convergem todas as partes da filosofia. Ele nada ensinava, apenas ajudava as pessoas a tirarem de si mesmas opiniões próprias e limpas de falsos valores, pois o verdadeiro conhecimento tem de vir de dentro, de acordo com a consciência.
Em 443 a.C., o apogeu da democracia ateniense. Em 430 a.C., o Oráculo de Delfos aponta Sócrates como o mais sábio dos homens.