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“1917”

Não é só mais um filme de guerra, nem reside na realização de um grande filme de ação. Equivocadamente analisado sob a ênfase da técnica ou depreciado como se colocássemos um capacete de realidade virtual que nos transporta para um tour pela 1ª Guerra Mundial. Quando cada vez mais queremos viajar no tempo e voltar ao passado para conhecer em que condições nossos ancestrais viviam. Se forçoso é confessar certas similitudes com “O Resgate do Soldado Ryan”, cabe ressaltar o grande foco do diretor Sam Mendes (“Beleza Americana”): contar uma história sobre o ser humano, e não sobre a guerra em si. O respeito aos combatentes e a luta pela sobrevivência acima da violência sangrenta, que poderia ter sido destacada à exaustão face à barbaridade da 1ª Guerra Mundial. A emoção almejada por Mendes, sem muitas firulas, vincula-se à direção da arte cinematográfica de nos fazer entrar no sistema de trincheiras, cenário preferencial onde a guerra se travou, sujeito a minas explodirem. Numa segunda tomada, uma sinistra e abandonada casa de madeira com estábulo em meio a um enorme campo. O ingresso numa pequena cidade francesa à noite cortada por tiros e imprevistos a cada esquina. O mergulho em pleno plano de combate para cumprir a missão. Roger Deakins (fotografia) e Thomas Newman (trilha sonora) elevam o filme a um tom mais épico do que qualquer narrativa realista poderia pressupor. Todo ano surge aquele filme que parece chegar atrasado na festa das premiações, depois que quase todas as cartas já foram marcadas. Disputa a primazia do Oscar com “Era uma vez…Hollywood”.

Antonio Carlos Gaio:
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