Um país não pode impedir de seu passado ser discutido para a análise de sua evolução atingir um grau de maioridade. O Brasil é signatário de tratados internacionais sobre Direitos Humanos em que define a tortura como crime contra a Humanidade. Para que preservar sob o manto do esquecimento os torturadores? Quem não se lembra dos tribunais de exceção, com juízes militares à frente, não respeitando as normas comezinhas de Direito, tratando os réus como criminosos de guerra? Embora à grande maioria fosse dispensado o julgamento, sendo sequestrados, encapuzados, presos, espancados, seviciados, aniquilados, mortos, banidos, ou induzidos ao exílio. Mesmos os que não participaram da luta armada eram aposentados, cassados, demitidos, perseguidos, como Chico Buarque, Caetano e Gil. A repressão violentíssima visava o extermínio de ideias comunistas e se houve grupos que tentaram derrubar o regime militar para instaurar ditaduras revolucionárias de cunho marxista, que se confronte a verdade de cada um e o comando militar não persista na defensiva a ficar retendo documentos, caso contrário transparece claramente que teme o que revelar em seu passado. O primeiro passo é se libertar da tutela de quem impunha ordem e progresso a ferro e fogo, pois sua intenção é pôr uma pedra em cima do assunto e esquecer. A ferida aberta por cadáveres insepultos e desaparecidos em contraste com a adoção da tortura como política de estado no Brasil é o pomo da discórdia.