No momento, não me importo em demasiado com minha casa.
Me preocupo com minha verdadeira morada: a alma.
Não me prendo a detalhes da minha casca, o meu corpo.
Quero desafogar a mágoa do peito, curar meus sentimentos conturbados.
Varro o chão se sobrar tempo. Senão espero a empregada.
Meus minutos são preciosos. Não quero mais desperdiçá-los.
Há tanta coisa a fazer. Tanto sonho a realizar!
Se não conserto a privada, não troco a lâmpada, não faço comida,
é porque há na casa outro banheiro, há no lustre outra luz, há dinheiro para comer na rua.
Estou atarefada costurando a alma, acalmando o cérebro, remendando o coração.
E se você for esperto o suficiente,
e ainda tiver vontade de fazer a “vida da casa” funcionar,
entenderá finalmente que estou ocupada me resgatando,
para enfim recuperar o que deixamos no caminho
e salvar nosso futuro de uma perda total.
Senão, de que adianta ter uma morada impecável?
Deixe um comentário