Cabeças irão rolar na CPI do Cachoeira. Lula exigirá comer o couro de Marconi Perillo, que tentou comprometê-lo no mensalão e virou seu inimigo. As aparências não enganam: o governador tucano de Goiás está metido até o nariz com Cachoeira. Em troca, o PT oferecerá Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, metido até o pescoço. Sérgio Cabral, governador do Rio, será convocado para explicar suas ligações perigosas com o dono da empreiteira Delta, de triste memória para ambos desde a queda do helicóptero que vitimou pessoas queridas em Porto Seguro, em 2011. Fernando Cavendish terá que nos convencer com que atributos consegue ganhar todas as licitações na Goiás de Cachoeira e como beneficiário das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O dono da Veja, Roberto Civita, vai ter de esclarecer se os 200 telefonemas trocados entre Policarpo Júnior, seu redator-chefe em Brasília, e o bicheiro confirmam as suspeitas de considerável número de leitores da revista antilulista encomendar matérias no interesse de sua linha editorial desde que favoreçam aos negócios de ambas as partes e consigam prejudicar seus inimigos. O Congresso não livrará nem o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, para se justificar quanto ao engavetamento das investigações sobre a propalada rede de jogatina mandar nos destinos políticos de Goiás. Não é possível! Será que ninguém sabia quem o senador Demóstenes Torres era, mancomunado com Cachoeira? Nem a imprensa, que é ágil e esperta para denunciar escândalos? Se tanto acusaram Lula de não saber nada sobre o mensalão! O que preocupa é saber se a CPI terá peito de fuxicar as relações entre Demóstenes Torres e o juiz supremo Gilmar Mendes, que eram unha e carne a respeito de um Brasil sem cheiro de povo. Ninguém está acima de qualquer suspeita em se tratando de crime organizado no Brasil e de Demóstenes ter enganado até raposas do jornalismo de larga experiência – será mesmo? Vai ser um espetáculo à parte a dupla alagoana Collor e Renan Calheiros, que já sentaram no banco de réus do Congresso, agora fazerem parte dos inquisidores da CPI. Irão se vingar, vender caro os seus préstimos ou preparar uma suculenta pizza, a título de desmoralizar as instituições e eles se soerguerem no caos?